Humberto e Glória | Livreto Historia das Familias – 2013:

Mas eu e a minha família servi­remos ao Senhor”

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA SILVEIRA
NATAL 2013

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SUMÁRIO

Maria da Glória Leite Silveira……………………………………………….. 4
Humberto de Andrade Silveira………………………………………………… 12
Marisa Silveira Cuellar ……………………… …………………………… 14
Tiago Silveira Cuellar …………………………………………………….. 15
Marcos Leite Silveira ……………………………………………………… 16
Maurício Leite Silveira ……………………………………………………. 17
Daniel Santos Silveira……………………………………………………… 19
Livia Santos Silveira Baker ………………………………………………… 20
Renato Formigoni Silveira…………………………………………………… 21
Márcio Leite Silveira ……………………………………………………… 23
Márcio Leite Silveira Filho ………………………………………………… 26
André Buono Silveira ………………………………………………………. 27
Marcelo Leite Silveira …………………………………………………….. 28

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PREFÁCIO

“Bons pais atendem, dentro das suas condições, os desejos dos seus filhos. Fazem festas de aniversário, compram tênis, roupas, produtos eletrônicos, proporcionam viagens. Pais brilhantes, dão algo incomparavelmente mais valioso, aos filhos. Algo que todo o dinheiro não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas experiências, as suas lágrimas, o seu tempo. Os pais que vivem em função de dar presentes para seus filhos, são lembrados por um momento. Os pais que se preocupam em dar sua história aos seus filhos, se tornam inesquecíveis.”– Augusto Cury.
Este pequeno trabalho é dedicado a todos os membros da família Silveira e seus queridos familiares: Cuellar, Buono, Santos, Richie, Formigoni, Meira, Gelorme, Ret, Pacovski, Ferreira, Amato, Miranda, Souza, Rinco, Amaral, Michelutti, Backer, Saavedra, Barreto, Thulin, Geer, Watson, Fusco, (Rafael Formigoni), Ishi

Feliz Natal e Próspero 2014.

Sinceramente,
Humberto e Glória Silveira.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Maria da Glória Leite Silveira

Meu nascimento e infância.
Nasci na cidade de Araxá, Minas Gerais, Brasil, no dia 6 de Fevereiro de 1934. Sou a terceira filha do casal Antônio Rosa Leite e Isaura Machado.
Tenho dois irmãos, José Narciso Leite e Maria da Penha Leite. Meu pai era funcionário público do Estado de Minas Gerais, Brasil, e alguns meses depois do meu nascimento, ele foi transferido para Belo Horizonte, capital do Estado.
Fomos morar em uma casa alugada no bairro Carlos Prates. Não me lembro deste local.
Uns meses depois, papai começou a construir uma casa para nós na Vila Brasilina que logo se tornou o bairro Sagrada Família. Lembro-me do dia da mudança. Eu era bem pequena e estava sentada no colo da mamãe, na boleia do caminhão e fiquei muito interessada no movimento dos pés do chofer para fazer as mudanças das marchas do caminhão.
Após uma subida, em uma rua de terra, chegamos em casa. Nossa casa era na Rua Guaxupé, que mais tarde se tornou Rua Cônego Floriano. Era uma casa boa em um terreno de 20 X 20 metros e ela foi construída do lado direito do terreno, deixando uma grande área para plantio de horta e pomar. Nossa casa tinha 3 quartos, 1 sala e 1 cozinha. No quintal havia uma cisterna, por ainda não haver água encanada na rua. Neste quintal mamãe plantava verduras e árvores frutíferas.
Tínhamos uma vizinha viúva com uns 5 filhos, e eram descendentes de escravos. Como eram muito pobres, lembro-me que cada manhã chegava lá em casa, uma das filhas, com uma sacolinha de pano que sempre levava a mistura para o almoço, com verduras plantadas pela mamãe.
Não sei porque, a sacolinha foi chamada de “a sacolinha de Santo Onofre”, que nunca voltava vazia. Sempre chuchus, quiabos, folhas de couve ou qualquer outra coisa que era colhida da horta, para nós e para a família vizinha.
Lembro-me de quando fui para a escola : Grupo Escolar Flávio dos Santos. Era uma escola limpa e bem organizada. Nosso uniforme era uma saia branca de pregas e na blusa, também branca, havia um bolso com as iniciais FS. Para as crianças de outras escolas da vizinhança, dizia-se “Fábrica de Sabão”.
No meu primeiro ano tive como professora, Dona Diva Celso de Abreu. Nesse período houve uma festinha na escola e eu fui convidada a participar. Era uma dança com 5 meninas, cada uma com um avental com um florão na cabeça. As meninas faziam uma roda e cantavam :
Ó dona-de-casa já o sol é nado,
Tudo pois reclama
O vosso cuidado.
Depois que a música era cantada pelas meninas, uma delas entrava no centro da roda e cantava o seu versinho. Eu era a última e o meu versinho era :
Tudo à moça cabe
Cuidar com carinho
Prá que sua casa
Seja um feliz ninho.
Como disse anteriormente, cada menina usava um avental. A professora pediu que os aventais fossem de organdi suíço e como era uma fazenda cara, a mamãe não podia comprar, então ela comprou um algodão vermelho que era a cor do meu avental e o fez com o babado e o florão como tinha sido pedido. Ficou muito bonito mas como não era de organdi suíço, a professora não gostou muito.
Eu participei da dança mas não fui convidada outras vezes e penso que foi por causa do avental.
Para esta ocasião eu tenho uma triste história que me envergonho só de pensar.
Morava perto de nossa casa, uma família pobre, de um militar. A filha se chamava Teresa. Na saída da escola eu a convenci a vir comigo porque o caminho que ela fazia para sua casa, eu achava que era mais longo. Então ela veio comigo. O Narciso, que me levava para casa, da escola, se uniu a nós duas. Depois de termos andando um pouco, eu resolvi fazer uma brincadeira sem graça com ela. Para isso, dei um tapa forte na lata que lhe servia de pasta, derrubando-a no chão e esparramando na terra um caderninho e um lápis, seus únicos materiais.
Ri, satisfeita com minha aventura mas, imediatamente perdi a graça porque o Narciso se abaixou e recolocou o material na caixinha. Fiquei muito envergonhada e até hoje guardo esta vergonha em meu coração.
Nesta escola havia uma ala com salas especiais. Quando íamos para lá, era porque uma coisa muito especial ia acontecer. Certo dia, entramos silenciosamente numa destas salas. Era o “laboratório de ciências”. Então a professora, na frente, montou uma armação semelhante a

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um coador de café. Em baixo, colocou um fogareiro aceso, com uma latinha com água dentro. Na parte alta da armação, onde se coloca o coador, ela colocou uma lâmpada. À medida que a água esquentava e fervia, subia até a lâmpada um vapor quente que, em contato com a lâmpada fria formava gotas que caíam. Assim ela demonstrou a chuva. Eu fiquei maravilhada.
Já no último ano da escola, com a professora Maria José Brant, eu tive uma experiência desagradável:
No dia anterior fora dito que as crianças que chegassem atrasadas, iriam ficar de castigo. Eu nunca chegava atrasada mas um dia após o anúncio, eu me atrasei. Entrei na classe e a professora não disse nada. Transcorreu normalmente o período da aula, tocou o sinal para a saída e todos entraram na fila para sair. Eu fiquei preocupada com a lei do dia anterior. Saí da fila e perguntei à professora : “D. Zezé, eu cheguei atrasada, devo ficar de castigo ?”
“Vá plantar batatas, menina”, respondeu a professora. Voltei muito sem graça para a fila.
Após ter terminado o Curso Primário, fui para um curso anexo no Colégio Estadual de Minas Gerais, antigo Ginásio Mineiro, na Av. Augusto de Lima no Barro Preto, onde já estudavam meus irmãos José Narciso e Maria da Penha. Depois fiz o Exame de Admissão e fui admitida na Primeira Série Colegial. Não era perto de casa e eu tinha de tomar duas conduções, ida e volta, todos os dias. Mesmo com o passe escolar, ficava pesado para o papai, por ter 3 filhos no mesmo Colégio, então, uma etapa do caminho nós fazíamos a pé para economizar.
Foi um período gostoso, no Colégio, onde me lembro do nome de vários professores Betânio Paraíso, professor de geografia;Otoniel Beleza, português; Fernando Pierrosseti, Desenho; Euclides, latim; Nicolas Donat, francês; Aluísio Pimenta, ciências.
Justamente com este professor aconteceu o seguinte : Numa de suas aulas eu fiquei muito distraída pela movimentação de um casamento que se realizava numa igreja ao lado da escola. Achei que fosse um casamento e queria ver a noiva. A matéria foi dada e eu, logicamente não anotei nada. Na próxima aula o professor Aluísio perguntou se algum aluno tinha dúvidas.
Eu corajosamente levantei a mão. Ele me mandou ir para a lousa. Lá chegando ele pediu-me para traçar uma reta AB e que descesse a resultante 10, ou seja, R10. Eu escrevi na lousa o que ele mandou. Virando-se para a lousa ele perguntou : – Que rio é este ? A classe caiu na gargalhada, e eu fiquei muito encabulada e nunca aprendi o que era uma resultante.
Terminei o Colegial em 1950. Logo conheci Humberto.
Ele fora à nossa casa, a convite de um amigo seu chamado Ulisses, a fim de que ele namorasse com minha irmã Penha. Logo que aparecemos na porta, Humberto, sem saber de nada, sem saber quem era quem, teve um sentimento muito profundo, direcionado a mim : “Esta vai ser a sua esposa”.
Passaram-se alguns meses e Humberto começou a frequentar a nossa casa mas, a mamãe não queria o namoro porque achava que Humberto era de família rica, em sua casa havia uma placa na parede em que se lia : Dra Helena de Andrade Silveira – médica. Também parece que Humberto não trabalhava.
Já que mamãe não queria o namoro, eu não podia desobedecê-la então, combinei com o Humberto que iríamos parar por dois anos. Ele concordou e assim fizemos, porém, dois meses depois, Humberto chegou lá em casa convidando-me para ser sua madrinha na sua formatura no CPOR – Centro de Preparação de Oficiais da Reserva. Em uma cerimônia militar eu iria entregar-lhe uma espada.
Disse-lhe que iria conversar com a mamãe e depois lhe daria a resposta, ao que Humberto respondeu : Se você não me entregar a espada, eu não a receberei de ninguém.
Entrei em casa e fui falar com a mamãe que estava na cozinha. Papai e a Penha ouviram atentamente o recado. Enquanto mamãe pensava, a Penha lhe disse : – Não deixa não, mamãe, se a senhora deixar, o namoro vai começar de novo, mas papai que estava na sapataria trabalhando, disse a mamãe : Ah, deixa Isaura, a gente faz um vestidinho prá ela e ela vai. Para dar a resposta a Humberto, de que a mamãe concordara, eu escrevi uma carta e a coloquei no Correio.
A Penha fez para mim um vestido de organdi-suiço azul claro. Compramos um par de sapatinhos brancos e uma bolsa branca. Consegui emprestado da Salomé, uma colega de escola, um chapéu branco e fui com o papai, no dia da formatura, que foi na Praça da Liberdade, Belo Horizonte, Minas Gerais. Logo depois, Humberto apareceu lá em casa, trajando o uniforme da Panair do Brasil Airwais. Ele fora dizer a mamãe que já estava trabalhando.
O namoro recomeçou e após alguns meses já estávamos casados.
Nosso casamento se deu no dia 8 de Novembro de 1952 na Igreja Batista da Praça Raul Soares e foi realizado pelo Pastor Casimiro Gomes de Oliveira. Nossa Lua de mel foi em Lagoa Santa.
Em 1953 nasceu nossa primeira filha, Marisa Leite Silveira. Como eu havia feito um concurso federal, fui chamada para o trabalho quando Marisa tinha 3 meses de

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idade. Meu trabalho era no setor de estatística da Rede Mineira de Viação.
Em 1954 nasceu nosso 2º filho, Marcelo Leite Silveira. Quando Marcelo tinha 9 meses, Humberto foi chamado, após ter feito concurso para o Banco do Brasil, para trabalhar em Ituiutaba, Minas Gerais.
Tentei me transferir para lá mas não consegui, porque meu emprego era federal e o Banco do Brasil era uma sociedade anônima. Então pedi 2 anos de licença sem vencimento. Ituiutaba era uma cidade pequena mas o povo era muito amigável. Para nós era difícil porque não havia condução para Belo Horizonte, exceto 2 vôos semanais de avião.
Quando morávamos lá, faleceu o vovô Jucundino.
Certo dia apareceu na agência uma carta de um funcionário do Banco do Brasil que trabalhava em São Paulo, propondo uma permuta com funcionário de Ituiutaba, porque, segundo ele, em São Paulo não se ouvia o galo cantar. Consultamos rapidamente a família e aceitamos a proposta de virmos para São Paulo.
Chegamos em São Paulo em Fevereiro de 1956. Fomos acomodados por uma semana pela titia Adélia e logo alugamos uma casa próxima da Via Anchieta. Como pagamos todas as despesas da transferência para São Paulo, ficamos com pouco dinheiro.
O Banco do Brasil pagava os salários, nos dias 25 de cada mês. Era dia 19 de Março e não tínhamos nenhum dinheiro em casa. Somente 5 cruzeiros que Humberto havia emprestado de um colega para pagar a condução. Uma vizinha me dera 3 chuchus e eu tinha um pouquinho de arroz, meia lata de óleo e um pouquinho de farinha. Fiz o almoço, almoçamos e Humberto saiu para o trabalho. Eu guardei a sobrinha do arroz com o chuchu, para o jantar da Marisa e do Marcelo. Chegou a hora do jantar e eu misturei o arroz com o chuchu e a farinha. As crianças jantaram e foram dormir. Logo Humberto chegou do trabalho e me disse : “Vamos jantar?” e eu lhe respondi : “Não temos nada para comer.” Então Humberto respondeu : “Vamos ao armazém fazer compras!” Eu então lhe disse : “Não temos dinheiro!” Então Humberto me disse : ” Hoje, dia 20 de Março, o Banco do Brasil fez uma experiência e pagou adiantado, no dia 20, o salário dos funcionários de todo o Brasil. Assim, fomos ao armazém que era vizinho, fizemos as compras do mês e assim pudemos jantar. Nós temos certeza que o Pai Celestial viu um seu filho, dizimista, necessitando urgente de ajuda. Sempre orávamos agradecendo o alimento mas nesta noite nosso agradecimento foi muito maior em virtude deste milagre.
Nesta época eu já estava grávida do nosso 3º filho Maurício, que nasceu em Maio de 1956.
Logo que o Maurício nasceu e quando voltávamos do hospital, estava garoando e Humberto se preocupou em me proteger com um guarda-chuva, pagou o taxi e esquecemos a mala com as roupas do bebê dentro. Mamãe estava conosco, cuidando das crianças, Marisa e Marcelo, e ela nos tranqüilizou de que quando o taxista notasse a mala no interior do seu carro, ele voltaria e devolveria. Foi o que aconteceu. No fim da tarde do mesmo dia, lá estava o chofer devolvendo a mala e cobrando uma pequena taxa.
Uns meses depois, nos mudamos para um apartamento no Brás, bem perto do Banco. Nesse apartamento, nasceu o nosso 4° filho, o Márcio.
Nesta ocasião, terminavam os meus dois anos de licença na Rede Ferroviária Federal. Eu suponho que retornando ao trabalho eu iria trabalhar nos escritórios da Central do Brasil, bem defronte ao nosso apartamento mas, não tive coragem, pedi demissão, não poderia deixar 4 crianças pequenas em um apartamento com empregada. Não foi fácil para Humberto, sustentar a família sozinho e 3 anos depois, nascia o nosso 5º filho, o Marcos.
Em nossa casa, a geladeira estava cheia de laranjas e a fruteira cheia de bananas. Geralmente, eram essas as frutas que os nossos filhos comiam. Não tínhamos luxo em casa mas tínhamos o necessário para nos manter.
Nesta ocasião, apareceu aqui em São Paulo, na Igreja Batista do Brás, que frequentávamos, um pastor batista de Belo Horizonte, chamado José Rego do Nascimento.
Ele trazia uma nova doutrina para a igreja, doutrina esta que dava ao membro batizado, o direito de receber o Espírito Santo. Ficamos maravilhados, fomos convertidos a esta doutrina mas, o pastor de nossa igreja batista, pastor Rafael Gioia Martins, não apoiou a doutrina de seu companheiro. Nós e algumas outras pessoas, começamos a nos reunir e trocar ideias sobre a nova doutrina.
Nesta ocasião um jovem solteiro da igreja, fazendo uma crítica à nossa igreja, disse que Jesus Cristo havia instituído o Lava-Pés e em nossa igreja não havia esta prática. Começamos a visitar outras igrejas em busca do Espírito Santo mas, não nos era agradável a maneira como estas igrejas agiam, com respeito ao dom de línguas.
Sempre buscando e orando muito ao Pai Celestial, certa vez, Humberto, ajoelhado em oração, ouviu a frase “Procure as torres” e viu uma igreja com muitas torres e teve o sentimento de que devia procurá-las.
Nós tínhamos 4 crianças pequenas, não tínhamos carro nem telefone e a pesquisa se tornou quase impraticável.

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Então decidimos ficar em casa e estudar a Bíblia mas, essa não era a solução correta.
Então pensamos que uma igreja para ser certa deveria ter cinco itens :
1. Aceitar Jesus Cristo como filho de Deus.
2. Aceitar Jesus Cristo como nosso Salvador.
3. Aceitar o batismo por imersão.
4. Aceitar o Dom do Espírito Santo.
5. Aceitar a cerimônia do lava-pés em sinal de humildade.
Como eu já disse, não tínhamos carro e visitar as igrejas com as crianças pequenas se tornaria muito difícil, então, na hora do lanche, no banco, às 4,30 da tarde, Humberto, munido da lista telefônica, telefonava para algumas igrejas, e fazia as 5 perguntas acima até que, no dia 23 de Janeiro de 1959, encontrou uma igreja que tinha um nome muito comprido :
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Foi atendido por um rapaz com forte sotaque Americano. Ele respondeu satisfatoriamente a todas as 5 perguntas, explicando que a cerimônia do lava-pés somente era feita nos Templos.
Humberto logo alegou que isto não tinha importância e que iríamos conversar com ele à noite. Chegamos lá na Casa da Missão e fomos recebidos por um jovem de camisa branca e gravata que logo nos apresentou um outro, como seu companheiro.
Mesmo sendo em Janeiro, a noite estava um pouco fria e eu fiquei muito bem impressionada quando ao entrarmos no escritório, o rapaz me ajudou a tirar o casaco. Conversamos bastante sobre as Escrituras e quando saímos da entrevista eu disse a Humberto :
“Ou este povo é muito certo ou este povo é muito louco.”
Tres meses depois, havíamos sido batizados e estávamos fazendo parte desse grupo muito certo.
Os dois rapazes que nos receberam, se apresentaram como Elder Carter e Elder Day. Frequentávamos o Ramo do Centro na Rua do Seminário mas, logo nos mudamos para o Jardim Nossa Senhora do Carmo, onde compramos uma casinha e passamos a freqüentar o Ramo da Penha na Travessa Triunfo, 15.
Enquanto morávamos no Jardim Nossa Senhora do Carmo, parece-me que em Agosto ou Setembro de 1959, nossa filha Marisa foi atropelada por um caminhão porém, nas grandes dificuldades que passávamos, nosso Pai Celestial sempre esteve ao nosso lado. O caminhão que atropelou a Marisa, conseguiu brecar encostando os pneus em suas coxinhas e não passando por cima delas. Fomos para o Hospital das Clínicas, Humberto já estava conosco.
Anoiteceu e telefonamos para a Casa da Missão. Imediatamente dois missionários, dois Élderes, apareceram no Hospital e nos levaram para um hospital particular bem ao lado da Casa da Missão, na Rua Itapeva, e nos disseram que se nós não pudéssemos pagar o hospital, a Igreja pagaria.
Felizmente não precisamos da ajuda da Igreja porque a Caixa de Assistência do Banco, pagou toda a despesa. Na noite em que estávamos no hospital, foram mandadas lá para casa, duas missionárias que cuidaram de nossas 3 crianças até que, Humberto, voltando do hospital para casa, levou nossas crianças para a casa de um primo nosso, Juquinha e sua esposa Mariazinha, em Vila Mariana.
Durante nossa permanência no hospital, a irmã Geraldine Bangerter nos deu muita assistência, inclusive, enviando uma Autoridade Geral da Igreja que, junto com o Presidente Bangerter, deu uma bênção de saúde na Marisa.
Quando já estávamos em casa, lá no Jardim Nossa Senhora do Carmo, o Irmão José Lombardi, saiu de ônibus, de Pinheiros, lá para casa, com uma sacola de alimentos para nós.
Como disse no princípio, mesmo nas horas difíceis, o Pai Celestial abre uma janela.
Morando naquele bairro, tão afastado de tudo, havia um vizinho que era farmacêutico e todos os dias, na hora do almoço, ia lá em casa para trocar os curativos da Marisa.
Um ano depois do acidente da Marisa, nasceu o nosso 5º filho, o Marcos.
Estávamos muito contentes com a doutrina da Igreja.
Em 1960, fui chamada pelo Presidente Luís Fialho para trabalhar na Primária como Conselheira da Irmã Aparecida. Como morávamos muito longe da capela, foi-nos autorizado fazer a Primária no Lar, com nossas crianças e nossos vizinhos. Depois eu fui chamada como Conselheira da Primária da Missão, servindo com a irmã Rose Neeleman.
Com este chamado, visitávamos Primárias em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, interior de São Paulo. Humberto batia a máquina o Jornalzinho da Primária, que saía mensalmente com o nome de “O Ajudante” e que era distribuído para todos os Ramos da Igreja, orientando as líderes da Primária.
No dia 6 de Março de 1969, estávamos na Capela para realizar o batismo do Marcos.
Recebi uma carta da Presidência da Primária, onde eu era convidada para participar em um Congresso Mundial da

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Primária. Eu tinha que chegar em Salt Lake no dia 28 de Março. Mil coisas vieram à minha mente e uma delas é que eu não iria a Salt Lake sem Humberto, porque seria uma oportunidade de sermos selados no Templo.
Infelizmente não tivemos fé suficiente para levar os nossos filhos. Compramos a passagem para Humberto e saímos de São Paulo no dia 26 de Março de 1969, certos de que iríamos nos hospedar na casa do Gary e da Rose.
Fomos tranqüilos, com 100 dólares no bolso. Ao desembarcarmos em Salt Lake, vimos o Estêvão Camargo que esperava pelo seu pai, Antonio de Camargo. Disse-lhe em Português : “Seu pai não virá à Conferência porque ele passou a passagem para o irmão Walter Queiroz que virá se selar à sua esposa falecida e aos filhos. Subimos a rampa de saída do Aeroporto, com a esperança de encontrar a Rose e o Gary aos quais havíamos enviado uma carta avisando a nossa chegada.
Eles não estavam lá, então fomos telefonar. Foi quando um irmão bateu no ombro do Humberto e perguntou em Português, para quem estávamos telefonando.
Respondemos : “Para o Gary e Rose Neeleman”. Ele então nos disse : “Gary e Rose estão no Brasil, mas vocês podem ficar conosco, já que o Antonio Camargo não virá.” Esse era o irmão Cláudio Santos e sua esposa Mary que moravam em Campinas e haviam se mudado para Salt Lake, onde ele cantava no Coro do Tabernáculo.
Mary me acompanhou, traduzindo para mim, durante os 2 dias do Congresso Internacional da Primária e, no dia 1 de Abril, o casal nos acompanhou na nossa Investidura e Selamento no Templo de Salt Lake.
Na sala celestial nos encontramos com o Presidente Wayne M. Beck e sua esposa Evelyn Beck que foram nos parabenizar.
Somente em Novembro de 1978, já com o Templo dedicado em São Paulo, é que nossos filhos foram selados a nós.
Trabalhando com a Primária tínhamos também reuniões sociais com a liderança local.
Em uma delas, homenageamos nossos maridos como “Reis”. Cada um deles tinha uma coroa de rei que tinha sido feita pelo Humberto. Cada irmã falava um versinho homenageando “Seu Rei”. Todos os versinhos foram feitos por mim e eu disse a Humberto, na ocasião :
Tantos anos de alegria
Tantas coisas que ganhei,
Tantas lembranças queridas
Provindas de você, meu Rei.
Marlene para irmão Darcy :
Conta a lenda da laranja,
Que a metade que achei,
Encontrou-se com a sua
Fazendo de você meu Rei.
Cecília para irmão Hervé :
Sim, a palavra mais linda
Que de branco pronunciei
Conservo-a viva ainda
Porque você é meu Rei.
Mara para o irmão Aparecido :
Certa vez pensei que vi
Um anjo se aproximar
Mas de perto constatei
Era você, o meu Rei.
Norma para o irmão Ross Jensen :
Com R Ross eu escrevo
Com orgulho constatei
Com R também escrevo
Ross você é meu Rei.
Marisa para o Cláudio
Tendo você ao meu lado
Feliz eu sempre serei
Sua paciência e bondade
Fizeram de você meu Rei.
Carmem para Manuel Ricoy Diez
Entre versos e sorrisos
Estes ditos escutei
Não desfazendo dos outros
Você Mané, é meu Rei.
Lívia para Leonel Maia
Deste dia tão festivo
Em que não participei
Mas ainda em tempo digo
Leonel você é meu Rei.

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Em outra ocasião, fizemos um tapete de serragens coloridas, com a ajuda do Cláudio. O tapete era azul com uma barra vermelha, tendo escrito em amarelo “Obrigada Marido”.
Ficou tão real que precisamos de colocar umas garrafas de refrigerantes ao lado, para evitar que as pessoas o usassem como tapete.
Depois de algumas mudanças de casa, fomos para Pinheiros, bem próximos ao Banco e a Capela. As 4 crianças maiores estavam com D. Lídia, minha sogra, em Belo Horizonte, nas férias. As mudanças em dias de sábado, são mais caras, então nos mudamos para Pinheiros em um dia de semana.
Humberto estava trabalhando e eu cheguei na nova casa, em Pinheiros, com o Marcos pequeno. O chofer e o ajudante deixaram as caixas, pacotes e móveis, amontoados pela casa. O Marcos estava sentadinho no quintal, em baixo de uma mangueirinha, já choramingando com fome. Tudo era confusão. Tinha que procurar as panelas, montar o fogão para poder fazer o almoço do Marcos.
Quando menos espero, ouvi um barulho de alguma coisa caindo no quintal. Fui até lá e no chão estava a única manga madurinha, caída da mangueirinha. Lavando-a eu a entreguei ao Marcos que a chupou até que o caroço ficasse branco, aliviando assim a sua fome.
Eu sei que esta manga, antes de cair da mangueira, caiu do céu.
Outra grande bênção aconteceu quando morávamos na Rua Eliseu de Almeida, 240. Era uma casa muito bonita que fora reformada e depois vendida a nós. Na frente havia um riacho. Sempre que havia enchente, a água subia no leito da rua, nas calçadas e às vezes no jardim.
Certa ocasião, o Marcelo lia nas férias de Julho, atentamente o Livro de Mórmon, então ele teve uma revelação :
“Diga a seus pais, que se houver enchente, passem manteiga na porta.
Como é comum acontecer com os jovens, ele não deu o recado. Em Setembro, novamente, o assunto veio-lhe à mente: Se houver enchente, fale com seus pais para passarem manteiga na porta. Ainda assim ele não nos disse nada.
No dia 20 de Janeiro, chegou uma enchente muito forte e a água começou a subir pela calçada, pelo jardim, e aí o Marcelo nos deu o recado, para passarmos manteiga na porta. Sentimos que esta era uma revelação de Deus.
Abrimos a geladeira e pegamos margarina.
Humberto calçou a porta com uma cunha e passou manteiga na fresta das laterais e da parte de baixo da porta.
Ficamos olhando. Passou um ônibus e jogou uma grande onda pelo corredor de entrada e atingiu a porta. Imediatamente a margarina ficou branca e impermeável, não permitindo que nem uma gota de água entrasse na casa. A água subiu na porta 45 cm.
Nas horas de dificuldades, sempre contamos com a ajuda inestimável de nosso Pai Celestial.
Durante nossa vida na Igreja tive inúmeros chamados de liderança. Trabalhei por 30 anos na Primária, onde comecei como Conselheira da Primária do Ramo da Penha, depois presidindo a Primária do Lar do Jardim Nossa Senhora do Carmo como já disse. Depois, chamada pelo Presidente William Grant Bangerter para ser 1ª Conselheira da irmã Rose Neeleman, da Primária da Missão Brasileira. Também trabalhei em duas Estacas como Presidente da Sociedade de Socorro.
Corria o ano de 1980 e o Humberto se aposentou no Banco do Brasil.
Para comemorar este feito fizemos um jantar em família e eu escrevi a sua história no Banco com um poema que, podemos dizer ser um poema com inúmeras versões que foram criadas pela Marisa e pelo Cláudio, chamado “Verso do Pé Quebrado”, porque, se a métrica não fica perfeita o pé é quebrado :

VERSO DO PÉ QUEBRADO
(Versão da Aposentadoria do Humberto).
A família se reúne desta vez prá homenagear.
Um Silveira tão querido que vem de se aposentar.
Nós estamos bem felizes com a sua decisão,
Desejamos boas vindas nessa nova profissão.
Da Panair ao bom BB, quanta coisa se passou,
Das montanhas bem mineiras, à Ituiutaba das poeiras.
Foi por culpa de um galo que alguém quis escutar,
Permutamos prá São Paulo, nova vida começar.
Na chegada do Maurício, lá estava o BB
Custeando a maternidade, para o moço nascer.

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Com o Márcio e com o Marcos, as mesmas contribuições,
Lá estava o BB, dispensando amolações.
Bons amigos, bons colegas, velha turma lá do Brás,
Em meio às confusões, mas pertinho do seu lar.
Lá estava o Silveira, como Caixa a trabalhar.
Só guardando os cruzeirinhos, para o Banco engordar.
Transferido prá Pinheiros, lá comprou um DKV,
Que beleza de carrinho, zerinho, primeira vez
Seus vizinhos a Capela e o Posto do Papai,
Que tempinho apertado, que vidinha de ai ai.
No Cadastro, que tragédia, foi a sua ocupação,
Trabalhando com o frio, chuva e vento em profusão.
Mas a coisa era preta quando o mês chegava ao fim,
E faltava o dinheirinho para a tal da condução.
Na Agência da Paulista, esta até ficou na lista,
Ai que tempo trabalhoso, ai que vida de artista.
Em cima, na sobreloja, o tranqüilo trabalhava
Mas na hora das batidas, na janela ele olhava.
Mas a coisa ficou boa, quando foi lá pro CESEC,
Organizou um corinho que não é samba de breque.
Quando a coisa foi crescendo, então ele foi embora,
Pois sabia que bem logo, estaria dando o fora.
E então chegou o dia, esperado e prometido,
Alegramos com você por não estar arrependido.
Registramos este fato que será sempre lembrado,
Nesta noite o homenageamos com o verso do pé quebrado.

Com o Humberto, trabalhamos no CTM, que é Centro de Treinamento Missionário, iniciando nosso trabalho em uma casa na Rua Itapeva, antiga Casa da Missão.
Lá aconteceu um diálogo de um missionário Brasileiro, que me perguntou muito preocupado :
“Sister Silveira, tem importância que o meu lençol é azul e o do meu companheiro é amarelo ?
Que pergunta tola mas, se vê a falta de preparação de um jovem que estava entrando no campo missionário… Nesta época recebíamos missionários de toda a América do Sul, porque, como só havia o Templo de São Paulo, eles vinham ao Brasil para fazer seus endowments e passavam uma semana em treinamento conosco.
Outro chamado que tivemos foi na Missão Brasil Recife. Começamos nossa missão em Salvador, passando por Aracaju, Teresina, São Luiz, Belém e Manaus, onde treinamos jovens para saírem em missão e incentivamos casais para fazerem poupança, a fim de irem aos templos para fazer suas investiduras.
Outro chamado que tivemos, foi nas lojas Deseret, onde recebíamos doações, especialmente de roupas e calçados, que eram distribuidos a membros carentes de todo o Brasil. Neste chamado, éramos instruídos a fazer uma classificação das roupas, separando as doações adequadas para os missionários e também cuidando para que as roupas quentes fossem doadas para as pessoas do sul.
Aí eu tive uma experiência que mantém meu coração ferido e meu espírito entristecido. Zelando pelos materiais que recebíamos, surgiu uma irmã idosa, do Belém do Pará. Ela queria por força levar um casaco de couro vermelho. Eu lhe disse que aquele casaco ia para pessoas no sul do país, mas ela insistiu comigo, dizendo que em Belém fazia frio.
Que tolice eu fiz, pendurei o casaco no cabide e não permiti que a velhinha o levasse. Ai veio a cena triste, que me trás arrependimento pelo meu excesso de zelo.
A velhinha saindo na porta, virou-se para trás e deu a última olhada no casaquinho vermelho.
Que estúpida eu fui, mas agora só me resta curtir o arrependimento.
Agora, 2013, já com todos os filhos casados e muitos netos também, estamos vivendo tranquilamente paparicados pela Marisa e Cláudio, em uma edícula ao lado de sua casa. Já estamos velhos, eu com 79 anos e Humberto com 83, com nossa posteridade abençoada com 22 netos e 39 bisnetos.
Sei que minha história está muito longa.
Algumas coisas vocês podem jogar fora mas não posso deixar de dizer que ouvi uma história, há muitos anos, pela Sister Parmley, Presidente Geral da Primária, mais ou menos em 1975, que gostaria que esta história fosse a história-símbolo da nossa família :

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Havia na Noruega um funcionário da Marinha Norueguesa que morava em um farol, juntamente com sua família que constava de um filho e uma filha crianças. Não fala em uma esposa mas, eles eram muito felizes, sendo os únicos moradores daquele farol.
Certo dia, o pai foi ao continente fazer compras e as crianças ficaram sós. Não havia problema nenhum, elas estavam acostumadas com o dia-a-dia no farol.
Passado o meio-dia, o céu se tornou escuro, o mar muito agitado e desabou uma grande tempestade. As crianças não se preocuparam com a situação, elas estavam acostumadas a esses fenômenos mas, com a continuação da tempestade, escureceu e seu pai ainda não tinha voltado para casa. Não havia problemas com as crianças, elas estavam tranqüilas mas, uma coisa inquietou o menino : o farol estava apagado e ele sabia da importância da luz acesa do farol na orientação dos navegantes.
Em sua pequena idade, ele foi até a cozinha, acendeu um lampião e se posicionou ao pé do farol mas, olhando para cima, ele viu que o farol ficava muito acima do lampião, então, voltou na cozinha e trouxe um tamborete, subiu no tamborete, ficando um pouquinho mais acima mas, mesmo assim, estava muito longe da altura desejada.
Como último recurso ele ajudou sua irmã a subir nos seus ombros e pediu a ela que segurasse o lampião no alto, estando ele sobre o tamborete.
Era a maior altura que conseguiam obter. Passados alguns minutos a menina perguntou ao irmão : – Está muito difícil aí ? e ele lhe respondeu :
ESTÁ, MAS É PRECISO !
Com esta pequena luz, seu pai pôde voltar para casa.
O que esta história tem a ver com nossa família ?
Se com a pequena luz o pai pôde voltar para casa, como está a intensidade de nossa luz que descortina o caminho de volta ao nosso Pai Celestial ?
Muitas vezes nos sentimos como o menino, dizendo : “Está difícil mas é preciso.” É preciso sim, guardar os mandamentos de Deus e assim estaremos aumentando a potência de nossa luz.
Eu sei que Deus nos ama e nos protege. Jesus Cristo veio à Terra, nos ensinou seu Evangelho e expiou pelos nossos pecados.
Sei que após sermos batizados, recebemos o Espírito Santo como Companheiro inseparável em nossas vidas.
Sei que somos uma família eterna. Sei também que podemos prosperar em todas as áreas de nossa vida, se guardarmos os mandamentos.
Sei da responsabilidade de cuidar dos nossos antepassados através do Trabalho Vicário.
Em nome de Jesus Cristo, amém.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Humberto de Andrade Silveira

O Marcelo já incluiu na Familiahona a minha versão da história da nossa família, então farei alguns comentários sobre as nossas 4 ou 5 viagens para os Estados Unidos, coisas que escrevi e composições musicais que fiz.

TOUR EM CHICAGO –
Na nossa primeira viagem aos Estados Unidos tivemos oportunidade de fazer um tour de ônibus em Chicago. Achamos a cidade, em vários aspectos, semelhante a São Paulo e admiramos a dimensão dos grandes lagos, parecia o mar. No percurso vimos um ônibus que bateu numa árvore e parecia que tentava subir na árvore. O motorista do nosso ônibus, muito engraçado, comentou que ele tentou subir na árvore mas não conseguiu.

HOSPITALIDADE AMERICANA –
Quando chegamos a Salt Lake, recebemos a triste notícia de que o casal Gary e Rose Neeleman, onde pretendíamos nos hospedar, tinha viajado para o Brasil, entretanto, já no aeroporto, fomos convidados para ficar na casa do casal Cláudio e Mary Santos, também da Igreja.
Na nossa primeira ida ao Templo na volta para a casa do Cláudio, tivemos de pegar um ônibus e ficamos agradavelmente surpresos quando o chofer do ônibus, saiu do percurso do ônibus e nos levou até a porta da casa do nosso hospedeiro.
Numa outra viagem vimos outro caso de extrema hospitalidade. Nosso avião parou com atraso em Los Ângeles e nos foi informado que o nosso avião para Salt Lake já havia saído. Fomos conversar com o pessoal do balcão e quando a funcionária nos atendeu e soube que iríamos chegar atrasados no Templo Mórmon, fez questão de falar com o Gerente da companhia que, ela nos informou, também era mórmon.
O gerente rapidamente usou o telefone e depois nos pediu para acompanhá-lo levando as malas. Descemos correndo uma escada e lá em baixo ele nos mandou entrar numa limousine. Ele saiu em grande velocidade e logo estávamos na fila de uns 7 aviões que esperavam sua vez de levantar vôo.
Ao nosso lado surgiu uma caminhonete com escada, que logo parou perto do nosso avião. Subimos correndo a escada e logo estávamos sentados nos nossos lugares, parecia um sonho. Os outros passageiros nos olhavam com grande admiração. Agradecemos ao Senhor pelo milagre.

CIDADE DO MÉXICO –
Numa outra viagem resolvemos passar pelo México e visitar o Centro de Treinamento Missionário.
Na época eu era o Presidente do CTM no Brasil. Ficamos agradavelmente surpreendidos quando nos hospedamos no Hotel Brasília e nosso quarto era a Suite Copacabana. Isso foi em 1982.

A ESTÁTUA DA LIBERDADE –
Em duas viagens visitamos a Estátua da Liberdade.
Na primeira vez subimos os muitos degraus até o topo onde vimos um belíssimo navio passar bem perto.
Na segunda vez visitamos a ilha, visitamos o museu e percorremos o muro de alumínio em volta de toda a ilha, com milhões de inscrições gravadas com os nomes dos imigrantes que entraram no país.

VISITA A CELINA NOSSA SOBRINHA –
Numa de nossas visitas fomos ao leste do país e visitamos a Disneylândia e a nossa sobrinha Celina que morava em Cheshire, Connecticut.
Como ela e o Jibran, seu marido, são médicos, fomos visitar a Clínica que eles possuíam.
Estivemos com a Celina uma segunda vez e tivemos a satisfação de conviver com seus 5 filhos.

VISITANDO OS FILHOS, NETOS E BISNETOS –
Nas nossas viagens sempre tivemos a grande satisfação de rever nossos queridos do lado de lá.
O Márcio em Provo, Utah e o Maurício em Las Vegas.
O total de nossa posteridade nos dois países é de 22 netos e 39 bisnetos.

PRODUÇÕES ESCRITAS –
Não sou um escritor mas gosto de escrever.
Os meus trabalhos são :
História da Família Leite Silveira – 38 páginas – já consta no link Familiahona, feito pelo meu filho Marcelo. Ficaram de fora as viagens aos Estados Unidos que você acabou de ler.
Os 3 Nefitas – Peça teatral.
Diversas Peças Cômicas – pecinhas teatrais.
O Rei do Mundo – Ficção Científica.

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Os Touros do Templo – Peça teatral.

COMPOSIÇÕES
O Lutador
Ô Mané
Minha Mãe
Lua Vermelha
Peru de Natal
Nem Mais Nem Menos
O Símbolo da Matemática
Malabarismo
Três Palavrinhas Mágicas
É Um Desafio
A Família é um Prêmio
O Cântico de Maria
Hoje é o Dia dos Pais
Minha Namorada Vai Aprender Música
Uma Coisa Ainda Falta
Eu Digo Sim
Ouvir Bem
Os Frutos do Amor
Vamos Para Oeste
Sinal Vermelho
O Velho Oeste
Primavera
Brasileiro Nota 10
Vida

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Marisa Silveira Cuellar

COM DOIS ANOS…ELA TINHA RAZÃO
Nossa filha Natalia tinha uns dois anos quando isso aconteceu. Morávamos no mesmo lugar desde que nos casamos, só que naquele tempo podia se ver a construção do templo da janela de nossa sala, que hoje não é possível, com as construções e árvores que cresceram na frente.
Mas, como dizia, naquele dia fui surpreendida pela Natália me puxando da cozinha até a sala para me mostrar algo que a estava encantando. Ao chegar na janela ela eufórica apontava para a direção da construção do templo e dizia:” Jesus no Mempo ( templo) do Senhor!”, e repetia, gesticulava e me mostrava toda eufórica que Jesus estava no templo. Então, não percebendo nada de anormal respondi meio confusa: “Eu não estou vendo Jesus “. Foi então que a Natália parou todo seu barulho, me olhou bem séria e me disse: “Você não pode ver, mas eu posso, e você precisa entrar lá mas eu não preciso.”

PERGUNTAS DIFÍCEIS DAS CRIANÇAS
Catharina, nossa neta, sempre foi muito divertida, até mesmo nos momentos mais exóticos!
Quando a bisa Lidia, mãe da Lucimar, faleceu, nenhuma criança foi ao enterro. Mas a Cacá não se conformou. Ela queria ver o cemitério. Então quando soube que a vovó Lucimar ia visitar o cemitério, perguntou se poderia ir junto. Com todo cuidado, ela explicou que a vovó Lidia não estava lá porque quando as pessoas morrem o corpo e as roupas das pessoas ficam no cemitério mas o espírito vai para o céu…
Mas a Cacá quer sempre saber os mínimos detalhes de tudo…”Quer dizer então que ela foi pro céu, e a roupa dela, ficou no cemitério?” “Sim!” “E o sapato dela? “Também ficou no cemitério.” “E as meias?” ” Também!”…”Quer dizer então que ela foi pelada pro céu?”

PARQUE LUIS CARLOS PRESTES
Na década de 1980 nossa rua era um ” fim de linha”…aliás era o lugar perfeito para quem tivesse terra ou lixo para se desfazer…porque beirava com uma área verde sem nenhuma estrutura e que estava aberta sem nenhuma proteção…
Nessa época também o Cláudio foi eleito presidente de nosso bairro. Com isso tinha um certo prestígio para ser ouvido pelos órgãos públicos. Foi então que resolveu escrever uma carta dirigida ao prefeito, na época Janio Quadros, descrevendo a lamentável situação de nossa rua.
Não imaginávamos que pudesse ter alguma repercussão pois tal carta foi entregue por mim e a Maria Castanheiras, nossa vizinha, num dia em que o prefeito estava fora do Pais e a pessoa que nos recebeu, estava bem embriagada…
Mas qual não foi nossa surpresa! O prefeito Jânio Quadros que estava sendo criticado por fazer um túnel debaixo do parque do Ibirapuera, e que estaria com isso, cortando as raízes das árvores…etc, teve em nosso pedido, a oportunidade de desfazer este mal-estar político aprovando prontamente a construção de um parque modelo, registrando por escrito da forma que lhe era peculiar: “para provar que eu também amo o verde, faça-se o parque do Rolinópolis”.
Esse foi o mais belo presente que nosso bairro poderia ter: um parque com toda uma infra-estrutura ideal para proporcionar além de segurança , muitos benefícios para moradores e frequentadores dos bairros vizinhos.

FELIPE BRINCANDO DE REUNIÃO DE BISPADO
“Você é a presidente da Sociedade de Socorro, e eu sou o bispo” disse o Felipe para a Evânia, sua babá quando tinha 5 anos, brincando de Igreja!
“Bispo”, retrucou a Evânia, “Existe uma família pobre na nossa ala. Eles não tem comida na casa deles”. Então o Felipe foi até seus brinquedos, pegou uns dinheirinhos de brinquedo e entregou-os a Evânia dizendo: “Pode comprar comida para eles!” “Agora” sugeriu o Felipe, “Você pode dar um pensamento.” A Evenia fez o pensamento e então perguntou ao Felipe se o bispo também poderia dar um pensamento. Prontamente o Felipe contou a história de Joseph Smith e finalizou sua primeira reunião de bispado!

DISCURSO NA SACRAMENTAL ESPECIAL: BIBI
Com o exemplo de Jesus Cristo aprendemos muitas coisas. Sabemos o que é certo e errado pelo exemplo de Cristo que nos guiou das sombras. Hoje em dia em várias religiões eles tem métodos passeados no exemplo de Cristo como nossa igreja.
Eu tenho uma forte experiência sobre esse assunto e eu queria compartilhar ela com vocês hoje:
Minha amiga fez uma festa de aniversario em outra cidade de sexta, sábado e domingo e eu queria muito ir. Meus pais falaram que eu só podia ir se eu aceitasse ficar sexta e sábado, eu pensando mais em como eu queria ir e não como minhas amigas reagiriam aceitei o acordo que fiz com meus pais. Passei muito bem a sexta e sábado na casa de minha amiga quando a sábado a tarde meu pai foi me buscar. Quando ele chegou lá minhas amigas pediram para eu ficar e eu fiquei muito tentada a desobedecer meus pais e reclamar ao meu pai descumprindo o que prometi a eles. Porém me veio pele cabeça se Cristo falta-ria a igreja para ir em uma festa de aniversario, com esse pensamento falei para minhas amigas que não poderia ir porque Cristo não ia gostar se eu fizesse isso e assim sem mais nem menos fui com meu pai a igreja sem reclamar.
Eu sei que o exemplo de Cristo inspirou a todos a fazerem as coisas certas, e eu deixo esse discurso em nome de Jesus Cristo, amém.

TESTEMUNHO DA CATHARINA
Este ano foi muito, muito especial para mim. Foi o ano do meu batismo. E, junto com ele eu ganhei um presente que foi o dom do Espírito Santo. Desde então eu já tenho sentido a companhia Dele constantemente.
Gostaria de contar uma experiência que aconteceu comigo. Não faz muito tempo, minha mãe deu uma saidinha e eu quis ficar em casa sozinha. Pensei que não ficaria com medo, mas…comecei a ficar com muito, muito medo.
Então fiquei no meu quarto (que era a parte da casa que eu me sentia mais segura) fiz uma oração e fiquei num canto com muito medo. Então ouvi uma voz que disse: “Catharina, vá para baixo”. Então eu pensei: – Claro que não! Eu já estou com medo! E lá embaixo é o lugar que tenho mais medo! Então ouvi novamente: “Catharina, vá para baixo”. Fiquei mais uma vez achando aquela ideia muito estranha! Claro que eu não desceria!!! Foi então que ouvi mais uma vez: “Catharina vá para baixo!”
Não era possível! Será que eu deveria realmente descer? Então eu desci. Morrendo de medo, é claro! Quando cheguei lá, sabe o que eu vi?…nada!!! Não havia nada de estranho! Nada pra eu ter medo! Então subi e eu já não estava mais com medo. Logo depois que eu subi, o telefone tocou e era minha avó Lucimar! Então falei: – Vó?! Por que você está ligando pra cá? E ela respondeu: “ Eu senti que deveria ligar pra vocês pra ver se estava tudo bem! Logo depois minha mãe chegou!!!
Eu sei que o Pai Celestial me ama e Ele mandou o Espírito Santo me ajudar e me confortar! Ele fez com que eu enfrentasse meu medo, mandou a vovó para me ajudar e a mamãe chegar.

A ORAÇÃO DE UMA CRIANÇA
Antes da Natália ficar grávida pela terceira vez o Samuel, seu filho mais velho pediu: “Mamãe, vamos fazer uma oração para o Pai Celestial nos mandar um nené?” “Vamos sim!” Respondeu a Natalia, e sentou-se na cadeira da cozinha para se preparar. Então o Samuel gritou: “Não mãe , vamos lá fora! no quintal, assim fica mais perto do céu!”
Um mês depois a Natalia ficou gravida e eles achavam que seria de uma menina e que provavelmente se chamaria Rebeca…e de fato aconteceu.

CATHARINA E AS ORAÇÕES
A Catharina tem um adorável sentimento com relação a orações. Certa vez , com uns seis anos, soubemos que ela foi até a casinha na àrvore de sua escola para ensinar às coleguinhas como fazer oração!
Também outra ocasião quando foi contada na Primária a história de Joseph Smith orando no bosque, ela , ao chegar em casa naquele domingo, correu para o quintal, ajoelhou-se na grama o ficou ali muito tempo orando…

BEATRIZ E OS MISSIONÁRIOS
Beatriz, nossa segunda neta, tinha cinco anos quando isso aconteceu. A Bibi, Catharina, Samuel, Rafaela e Rebeca estavam passando férias em casa quando os missionários vieram para almoçar…e nós não estávamos esperando…houve uma pequena confusão e, resumindo, não tinha almoço…
A Bibi, ouvindo nosso comentário e preocupação sobre o quê fazer, foi até o quartinho das crianças e pegou um dinheirinho de brinquedo e correu até a bisa Glória e disse “Pode entregar para os missionários para eles almoçarem!” E então foi corajosamente até os cinco missionários que estavam no portão e disse: Olha não tem almoço, só tem o bolo que a bisa fez. Vocês podem comer um pouquinho porque a gente também quer comer…”

A PRAÇA DA FAMÍLIA
Por volta de 1995 trabalhei na igreja como Diretora de Assuntos Públicos da Região São Paulo, e meu trabalho era muito diversificado. Visitei vários prefeitos e homens públicos, escrevi muitos artigos para a revista Liahona, dei muitos treinamentos , mas o trabalho mais desafiador que passei foi a construção da Praça da Família. Na realidade havia um local inóspito na frente da capela da Vila Gomes, na encruzilhada de duas avenidas, onde frequentemente até era jogado lixo…
Houve a idéia de se fazer uma praça ali…mas quem poderia “levantar a bandeira da praça”?
…a Diretora de Assuntos Públicos, quem mais?
Foi uma luta difícil! Mas no começo tudo parecia muito tranquilo e possível. A Presidência de Área, solidária com a iniciativa, deu-me a autorização de usar R$600,00 para a construção. O irmão Ferruccio Perroti, arquiteto, gentilmente ajudou muito fazendo a planta e trazendo seu pessoal para ajudar na construção. E a prefeitura aprovou o projeto.
Sabíamos desde o início das obras que o dinheiro seria nosso grande desafio, mas como minha animação e fé vão na frente, eu fui…e quase não voltei…
Vivia em torno dos vários detalhes da praça, consegui até que um membro inativo, o Eduardo Barreto, fizesse uma escultura para ser colocada no centro da praça.
Mas chegou o dia em que fui colocada entre a cruz e a espada… A praça estava inacabada e todo nosso recurso de doações, mão de obra, e caridades haviam acabado. A comunidade local esperava que a igreja finalizasse a obra, a prefeitura também.
Foi então que no auge do meu desespero ao pedir uma ajuda para o irmão Paulo Puerta, para minha enorme surpresa, ele contribuiu com R$2.000,00, que era justamente todo o dinheiro que faltava para que pudéssemos finalizar o projeto.
E enfim tudo acabou bem. A praça ficou muito bonita e está linda até hoje.
Foi muito difícil, mas valeu a pena.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Tiago Silveira Cuellar

Esta é a história de como deu inicio a nossa família.
Foi interessante o que aconteceu… Certo dia um grande amigo de Tiago o procurou a fim de pedir conselhos. Ele era um rapaz muito tímido e queria uma ajudinha para chamar uma moça para sair… Foi quando tudo começou…
O Tiago logo começou a pensar, quem seria uma moça bonita e divertida para indicar a seu amigo? Ela precisava ser também muito inteligente, visto que este amigo era uma pessoa inteligente ao extremo… “pronto, já sei”, – disse Tiago, “você deve namorar com a Martinha! Isso mesmo! Ela é bonita, inteligente, divertida, ela é a pessoa certa para você! – continuou.
E assim o Tiago logo iniciou o trabalho de ajuda a seu amigo…
Entretanto, nem sempre as coisas acontecem como planejado… Inevitavelmente Tiago se aproximou da Martinha para tentar dar uma de cupido… Foi quando percebeu a grande burrice que havia feito! Indicou a seu amigo à pessoa que ele queria namorar!
Pronto! Estava armada a confusão. O que fazer agora? Foi quando o Tiago então iniciou um trabalho inverso para tirar de seu amigo a ideia de namorar a Martinha!
Foi então num acampamento do MAS, sigla de do programa de “Membros Adultos Solteiros” da Igreja, que o Tiago então começou a correr atrás do prejuízo. Com a ajuda de uma amiga, o Tiago conseguiu desviar a atenção de seu amigo para a Martinha e sem ressentimentos, o Tiago e a Marta começaram a conversar.
Logo na primeira noite do acampamento tivemos um baile. O Tiago pisou diversas vezes no pé da Martinha… alguns dizem que ele não sabe dançar… outros já dizem que aquele foi um pretexto para que eles saíssem da pista de dança para conversar e se conhecerem melhor… Jamais saberemos a verdade! A partir daí foi que tudo começou…
No ultimo dia deste acampamento os dois conversaram a respeito de namoro e decidimos que iriamos iniciar um namoro somente depois de nos conhecermos melhor após o acampamento.
Após retornarmos marcamos um Pic-Nic no parque do Ibirapuera. O Tiago passou na casa da Marta com o Gurgel BR-800 de seu pai e, quando a Martinha o viu, começou a dar gargalhadas… que vergonha! Ela achava engraçado me ver naquele carro que parecia de brinquedo! Ah se não fosse o Gurgel! Teríamos andado de ônibus pra valer!
Neste primeiro passeio o Tiago pediu a Marta em namoro e… Logo após o pedido, mais alguns minutos de “gargalhadas”, sim, gargalhadas! A Marta dava risada na minha frente e eu não entendia o que estava acontecendo… Seria este gesto um grande “SIM”, ou seria um “NÃO, como quem diz, você está louco”?? Bem, após alguns minutos de temor logo entendi que aquilo era um SIM, e começamos a namorar…
Foi então, que, uma semana depois deste passeio o Tiago, (acho que sem nenhum planejamento anterior) entre uma conversa e outra, pediu a Marta em casamento! Sim, namorávamos a 1 semana mas pode acreditar, ele já tinha certeza de que ela era a pessoa com quem ele iria se casar!
Um ano após este dia estávamos nos casando.
O Templo de São Paulo estava em reforma e então nos selamos no Templo de Campinas. Esta foi uma ocasião muito sagrada para nós, que fomos selados pelo vovô Beto. No momento do selamento, sentimos algo muito forte no momento em que o Vovô começou a proferir as palavras da ordenança. Era como se não fosse mais o nosso Vovô Beto, mas agora um representante legal do Senhor, investido de poder do Céu. Este foi um sentimento que nós dois sentimos e nunca sairá de nossos pensamentos.
Após quatro anos de casados tivemos nosso primeiro filho, o Felipe, que foi uma grande bênção em nossas vidas.
Três anos depois veio então o Lucas, que nasceu bem grande e forte.
O Felipe está aprendendo a ler e a escrever. É muito inteligente e diversas vezes nos surpreende com umas tiradas sem igual!
O Papai Tiago tem um pouco de língua presa. Outro dia a Martinha pediu para o Tiago repetir algumas palavras na frente do Felipe exatamente para mostrar a língua presa do papai, e é lógico que o papai não gostou… falou que não iria fazer e então o Felipe falou: “nossa pai, se você tem vergonha em dizer uma simples palavra, como foi que você pediu a mamãe em casamento?!” veja só se pode uma coisa destas?!
O Lucas agora esta aprendendo a contar. É o papagaio da família! Repete tudo quanto é dito em casa, e já faz uma oração muito bonitinha!
Enfim, esta é parte da história de nossa família. Somos muito gratos por termos o Evangelho em nosso lar.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Marcos Leite Silveira

O GRANDE SUSTO
Quando terminei minha missão de tempo integral no Rio de Janeiro meus pais, Humberto e Glória, serviam no Centro de Treinamento Missionário em São Paulo. Papai servia como presidente e por isso ele e mamãe moravam no próprio CTM. Prestei vestibular e estava fazendo o curso de música com habilitação em canto. Esse sempre foi meu desejo. Mas era sempre necessário estudar em casa. No meu caso tinha dificuldade de estudar porque além de estar no CTM que na época era junto com o alojamento do templo, não havia condição de ficar fazendo exercícios com a voz que além de incomodar os vizinhos, era meio complicado de fazer sem chamar atenção dos outros. Tive então de procurar locais para estudar. Na própria faculdade, na igreja mas faltava um lugar para estudar no CTM. Foi então que encontrei um lugar tranquilo. Era na sala das caldeiras e maquinas do elevador. Foi tudo sempre tranquilo. Podia fazer os exercícios a “todos os pulmões” sem incomodar ninguém até que um dia, estava lá treinando quando de repente o técnico do elevador foi fazer uma vistoria nas máquinas e quando abriu a porta da sala das máquinas imagine só o susto que levou ao deparar com um “louco” fazendo vocalizes do tipo “oooo….”

VOCÊ JÁ VIU ANJOS?
Em abril de 1998 eu e minha esposa Claides Regina tivemos que fazer algumas compras e deixamos nosso filho Bruno com meus pais Humberto e Glória. Na época ele tinha 2 anos e meus pais moravam num apartamento no oitavo andar. Depois de fazer as compras voltamos ao apartamento e pegamos nosso filho.
Em dezembro do mesmo ano estávamos na festa de natal com nossos familiares e como parte da festa cada pessoa deveria contar as bênçãos recebidas durante o ano. Minha mãe comentou que na noite de abril quando estava com nosso filho Bruno foi para a cozinha lavar rapidamente um prato deixando o Bruno sozinho na sala. Quando ela voltou o encontrou em cima do sofá debruçado na janela aberta sem grade ou tela de proteção. Ela tentando ser calma pediu para que ele saísse da janela e viesse dar um abraço na vovó , o que ele prontamente fez. Seria fatal uma queda do oitavo andar. Quando voltamos para casa a Claides disse ao Bruno que era muito perigoso e que não poderia ficar perto da janela porque ele poderia morrer e se morresse ele viraria um anjinho e ficaria longe da mamãe e anjos não andam por ai. Então ela perguntou a ele se já havia visto anjos ao que ele disse que sim, já havia visto anjos. Então ela perguntou aonde? Ele respondeu que havia visto anjos na janela do apartamento da vovó. Os anjos o haviam protegido para que não caísse Vemos então que é uma alegria muito grande ter nosso filho conosco e que o Senhor zela por seus filhos ” Irei adiante de vós. Estarei a vossa direita e a vossa esquerda e meu Espírito estará em vosso coração e meus anjos ao vosso redor para vos suster” D&C 84:88.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Maurício Leite Silveira

MAURICIO CAI EM UM BURACO NO LAGO CONGELADO.
Um dia, quando morava em Utah, levei as crianças (Daniel, Livia e Davi) para um lugar perto de Provo conhecido como o “Bowl”, ou em Português, “Cuia” ou “Tijela de sopa ou cereal”. E um lugar de difícil acesso, paramos o carro na beira da estrada e andamos por uma trilha totalmente coberta de neve. Quando chegamos no lugar, as crianças pegam cada uma câmara de carro inflada e sobem o mais alto possível e descem sentadas ou deitadas na câmara de ar, escorregando na neve ate o outro lado. E uma diversão, e normalmente o lugar esta cheio de outras crianças e adultos fazendo a mesma coisa.
Depois de um bom tempo brincando la, decidimos ir embora, mas no caminho vimos um atalho que muitos estavam usando, passando por cima do lago congelado. Assim, decidimos tomar o mesmo rumo.
Eu tinha uma corda, e amarrei as três câmeras juntas e resolvi puxar as crianças. Estava tudo uma diversão, mas como eu estava de certo modo andando de costas, puxando as crianças, não percebi um pequeno buraco que algum tinha feito no gelo com o objetivo de pescar. O buraco era de uns 20 centímetros de diâmetro. De repente, meti o pé no buraco, o que abriu completamente em um buracão de 1 metro, e todo o gelo quebrou e eu cai direto dentro do lago. Tive naquele instante o reflexo de abrir os braços, e isso causou que pude evitar completa imersão no lago e o perigo de ficar preso embaixo do gelo o que seria uma fatalidade.
Quando me recuperei do susto, imediatamente comecei a rolar para sair do buraco e obter apoio no gelo sem quebrá-lo mais. Assim consegui sair do buraco e correr para o carro. Não me lembro se perdi a corda, talvez as crianças me ajudaram a sair, sendo que eles estavam no outro lado da corda e talvez eles usaram para me puxar.
Foi uma experiência meio assustadora, mas sei que Deus estava conosco e me abençoou de forma que pude escapar deste grande perigo.
Esta estoria aconteceu talvez 1994, no inverno, entre Dezembro de 93 ate Fevereiro de 94.

NOSSO PRIMEIRO NATAL

Com o casamento de duas famílias com culturas e costumes diferentes, vem problemas e ajustes. Neioma tinha uma arvore de natal grande com ornamentos. Mauricio tinha uma arvore menor que ele já tinha usado no ano anterior com as crianças. Daniel queria usar a mesma árvore.
Neioma tem um gosto muito bom montando arvores de natal, e uma qualidade que eu nunca tinha visto no Brasil ou mesmo aqui nos Estados Unidos. Não querendo causar disputas mas querendo uma arvore mais bonita e sabendo que as crianças iriam aprovar no final, Neioma buscou inspiração através de oração.
Uma amiga do trabalho tinha feito alguns ornamentos para arvore usando bolas de natal simples e decorando elas com tinta de spray de tal forma que as bolas ficavam lindas como se tivessem fitas em volta delas. Isso deu lhe a ideia de que se as crianças pudessem participar fazendo ornamentos, elas sentiriam que essa seria a arvore delas e se sentiriam bem usando a nova arvore.
Depois de pensar e planejar o trabalho, Neioma preparou todo o material necessário, tintas, pinceis, bolas e caixas de carregar ovos como suporte para as bolas secarem. No sábado seguinte, ela colocou tudo em cima da mesa da cozinha e todas as crianças convidaram ate alguns amigos e tiveram um grande dia fazendo os ornamentos para a nova arvore de Natal.
Aquela arvore já ficou velha a muito tempo atrás, mas muitos dos ornamentos para a nossa arvore hoje ainda são os mesmos, feitos pelas crianças.

ANJOS NA ARVORE DE NATAL
Mais uma vez, diferenças de culturas cruzaram nossos caminhos. Enquanto decorávamos esta primeira arvore, com os ornamentos feitos pelas crianças, a Neioma abriu uma caixa contendo anjos, todos com asas!. Eu, tive de me opor, na nossa casa não poderíamos ter anjos com asas. Isso e coisa da igreja católica, anjos mórmons não tem asas. Neioma me disse que ela fez os anjos na sociedade de socorro! – Fiquei muito confuso, e no domingo perguntei ao bispo, o que me informou rindo que e muito comum anjos com asas nas arvores de natal!

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NASCIMENTO DO ELLIOT

Todo mundo sabe que o Mauricio nao se da muito bem com situações que envolve sangue. Mesmo sabendo disso, Neioma informou Mauricio que ele estaria presente no nascimento do Elliot e que ele não iria desmaiar. Ela lembrou me de que as bênçãos do sacerdócio funcionam e que ela me ajudaria a passar este momento sem desmaiar. Ela me convidou para ir nas sessões de pré-natal, onde éramos os mais velhos!. Quando o dia finalmente veio, eu estava feliz e calmo e com a minha câmera fotográfica em mãos, fui capaz de assistir ao parto cesariana sem desmaiar (e claro que tinha uma cortininha separando a operação). O único detalhe foi que esqueci de por filme na maquina. Pelo menos, não desmaiei.

ESCORREGANDO NA ESCADA
Nossa casa em Utah tinha uma escada para os quartos na parte de cima. Era uma escada com uns 10 degraus e uma pequena plataforma embaixo. Como a escada era também acarpetada com o mesmo carpete da casa, as crianças logo inventaram um novo jogo: Descer escorregando pela escada. Não sei aonde eles arrumaram caixas de papelão e fizeram um tipo de prancha e começaram a escorregar. Neioma ouviu o tumulto junto com um barulho estranho. Quando ela chegou na escada viu o Daniel no chão com um sorriso de lado a lado, mas as pernas dentro do vento do ar condicionado! Ele escorregou e foi direto na parede aonde tinha uma tela para os tubos de ar condicionado – ele foi direto la! Nada de mau aconteceu, mas Neioma arrumou travesseiros e pôs no final da escada junto a parede, assim eles não iriam quebrar ou se machucar no buraco do ar condicionado. Todos eles Daniel, Livia, Davi, Heather e amigos adoravam escorregar, sozinhos ou juntos, era uma coisa doida!.
A tradição ai, passou de filho – para irmão – ainda não nascido! Quando Elliot tinha uns 9 ou 10 anos, ele começou a mesma coisa aqui na casa em Las Vegas. A diferença é que a escada aqui e pelo menos o dobro de comprimento. De qualquer forma, ele aprendeu o mesmo jogo, e junto com seus amigos teve muita alegria escorregando em plataformas de papelão.
O jogo então acabou, quando um de seus melhores amigos adaptou o jogo usando uma grande caixa plástica que e usada aqui para colocar roupa suja. Tem um formato retangular, e mais ou menos 1 metro de altura, de forma que cabe uma criança dentro muito bem. Assim, o Elliot foi dentro e escorregavam escada abaixo dentro daquela caixa.
Infelizmente em uma das rodadas, alguém empurrou o Elliot um pouco cedo, e a descida não foi muito suave e ele acabou quebrando o braço. Não foi nada serio, teve que usar o gesso por uns 20 dias mas depois estava tudo bem, mas ele nunca mais quis voltar ao velho brinquedo.

19
HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Daniel Santos Silveira

CALÇAS RASGADAS
Quando eu tinha 8 ou 9 anos de idade eu estudava na Escola Adventista do Campo Limpo, os uniformes eram obrigatórios e também caros. Me lembro que estudava na parte da tarde e que minha mãe vivia me lembrando de cuidar bem dos uniformes pois eram caros e eu vivia os rasgando, especialmente a parte dos joelhos. Uma certa manha me lembro que botei meu uniforme e acabei rasgando parte da calca enquanto brincava fora de casa. Era uma calca novinha!
Me lembro que minha mãe ia ficar brava pois ela me advertiu, ate me lembro que ia ter castigo se ela visse isso. Porem, sendo espertinho lembrei na hora que minha Avo Gloria era uma grande costureira, sem pensar duas vezes corri pra casa, liguei pra ela, expliquei a situação e imediatamente ela falou que arrumava a calca pra mim! Com essa idade peguei o ônibus e fui ate o apartamento da vovó onde ela me esperava não só para costurar as minhas calcas mais também com pão fresquinho que ela fazia e um leite com chocolate!
Quando ela terminou agradeci ela e voltei pra casa, justo em tempo pra ir a escola, com a minha cala novinha e minha mãe, calminha!

ENCONTRO NERVOSO
Conheci minha esposa por uma amiga minha, a prima dela, depois de 2 semanas conversando marquei com ela para ir a Utah conhecê-la. Ela se ofereceu a me buscar no aeroporto mais eu a neguei pois pensava que minha irmã Livia iria me buscar, não me lembro muito bem a situação mais Livia não me pode buscar então liguei para a Gislaine e perguntei se ainda poderia aceitar sua oferta. Ela disse que sim então marcamos.
Nesse dia então quando cheguei eu liguei pra ela para dizer que havia chegado, dava para perceber na voz dela que estava nervosa, ela me disse que estacionou no lado de fora mais não sabia bem aonde, eu disse que tudo bem. Procurei ela por pelo menos 45 minutos do lado de fora do aeroporto, tentando não me congelar pois esse dia estava muito frio, com direito a neve a gelo. Quando eu a encontrei ela estava bem longe da entrada aeroporto perto de onde estacionavam os empregados do aeroporto, nem podia parar la! Então fui, ao fim quando cheguei a dei um abraço e vi que ela estava meio envergonhada sobre isso e também nervosa.
Entramos no carro e o plano era ir passear nos jardins do Templo de Salt Lake, lembrando que nesse dia estava muito frio com neve e gelo! Chegamos la e caminhamos por mais ou menos 10 minutos ate eu perceber que ela estava sem casaco e com muito frio, eu também nervoso em vez de oferecer meu casaco para ela perguntei a ela se talvez era melhor voltar para o carro o qual ela concordou.
Outra vez no carro o nervosismo voltou para a Gislaine, ela deixou o carro na terceira marcha na freeway e não mudou porem fazendo um alto barulho no carro. Ate achei engraçado.
Chegando na casa dela conheci a sua família e de pouquinho a pouquinho os nervos se baixaram e começamos a nos conhecer. Passamos uma noite muito agradável com a família dela. Desse nervosismo todo começou uma história muito linda, a nossa família!

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Lívia Santos Silveira Baker

MINHAS HISTÓRIAS:
A primeira aconteceu quando nos reuníamos todo o ano no Natal no sitio. Lembro que esse ano o meu tio Ricardo veio conosco. Ele era o papai Noel. Estávamos todos esperando ele chegar e ele veio correndo pela janela porque tinha um cachorro correndo atrás dele.
A segunda eh quando tinha recentemente mudado para os Estados Unidos e não sabia inglês. Eu e meus irmãos éramos as únicas crianças que estava na rua sempre brincando depois da escola. O papai quando tinha tempo depois do trabalho vinha pra fora brincar conosco. De pouquinho a pouquinho às crianças da vizinhança começaram a sair de suas casas pra brincar conosco também. Como ninguém entendia ninguém (o Daniel às vezes traduzia) as crianças da vizinhança aprenderam português tanto quanto nos inglês. Depois de um tempo elas começaram a chamar o papai de pai também pensando que esse era o nome dele. Então ele virou o pai da vizinhança e sempre uma vez por semana levava toda a turma pra ir tomar sorvete. A terceira foi quando viajava com o Mike. Toda vez que íamos em algum lugar alguma pessoa que nunca vi antes reconhecia o Mike e vinha falar com a gente. Uma vez quando fomos a Havaí estávamos visitando a byuh (byu hawaii) onde o Mike estudou. De repente um cara do nada veio falar com a gente. Ele disse Mike e aí rapaz tudo bem?! Daí o Mike reconheceu ele. Ele era um dos amigos que ele saia com o resto da turma dele que iam surfar. Eles botaram o papo em dia é esse cara trabalhava no PCC (polynesiam Cultural center). Então conseguimos por causa dele sentar bem na frente do show que eles têm e ele também comprou o sorvete pra nós que eles oferecem no show. Foi muito bom.

HISTÓRIAS DO MIKE:
O Mike é um sonâmbulo. Na missão quando ele era companheiro do Daniel, uma noite ele estava dormindo quando ele começou para andar e falar. Ele andou para a cama do Daniel e acordou ele no meio da noite gritando. Ele disse “Silveira acorda acorda, eu tenho uma pergunta pra você!!!” O Daniel acordou mais ou menos e perguntou preocupado o que também acontecendo e se o Mike estava bem. Daí o Mike disse nada e simplesmente voltou pra cama rs. O Daniel aquela noite dormiu com um olho aberto rs, e até hoje o Mike não lembra.
Quando o Mike mudou pra Havai foi um grande choque cultural para ele. Muitas coisas de la é bem diferente do que o Utah. A segunda semana ele foi com um grupo de amigos para acampar na praia. Foi antes que ele comprou um carro, então eles decidiram andar na rodovia. No caminho para a praia, eles foram parados por uma gangue local. Um dos membros do gangue foi atrás do Mike e falou “O que, você acha que é legal?” Naquele momento, ele socou o Mike no rosto e Mike viu três grandes homens com bastões de baseball. Mike pensou é agora que eu morro se não fizer algo rápido. Ele fez uma oração rápida e assim que a oração acabou, a gang viu que um dos amigos dele era o primo de um dos caras da gang então o líder da gang disse que eles estavam liberados e foi até bonzinho pra eles.

HISTÓRIA DO LANDON
Um dia O Landon viu um programa de TV aonde eles mostraram como cozinhar uma torta de maçã. Por quatro dias ele continuava para dizer o seguinte:
Landon: “Pai, você precisa comprar um carro para mim”
Mike: “Por que?”
Landon: “Porque eu tenho que ir para o Mercado para comprar maçãs e farinha e manteiga para fazer uma torta de maçã”
Mike: “Você vai sozinho?”
Landon: “Não Pai. Eu vou levar AJ comigo. Eu posso dirigir com meu carro e eu vou cuidar do AJ. Você vai ficar aqui com mamãe.”

HISTÓRIA DO AJ (Austin Jacob)
AJ é bem louco. Ele sempre está pulando e correndo. Ele não têm medo de nada. Um dia ele estava brincando no sofa quando ele caiu de costa e bateu a cabeça no chão. Por dois meses ele falou para todo mundo “eu caí”. Porque é difícil de entender o AJ, todo mundo fala “o que?” E ele sempre repete “eu caí, eu caí”. Então nos precisamos explicar que ele caiu.
Resumindo essas são nossas histórias. Espero que vcs gostem. Ah, muito obrigada pelo os parabéns de aniversário. Mas uma vez desculpa a demora. Também andamos muito ocupados planejando os feriados do dia das bruxas, e também o feriado do dia de ação de graças (thanksgiving).

O LANDON E NOSSO CACHORRO HERÓI:
Era mais ou menos o começo do inverno. O tempo estava frio (outono) e já estava nevando. Agasalhei o Landon, e ele foi brincar lá fora com o nosso cachorro Rocky ( raça labradoodle) que tinha mais ou menos 5 meses. Depois de um tempo eu estava dentro de casa calma lendo um livro e vendo os dois brincando lá fora de vez em quando. De repente escutei um barulhão na porta que vai pra fora do quintal. O cachorro estava batendo na porta com tudo. Pensei “cachorro louco” mas deixei ele entrar e ele correu pra sala deu umas duas viradas e saiu de volta pro quintal e foi direto pro trampolim. Ele ficou dando voltas no trampolim. Fui investigar e ao chegar perto descobri o que estava dando a louca no meu cachorro. Ele estava me avisando que o Landon tinha caído de baixo do trampolim que estava com água da neve que tinha acumulado. A água estava no joelho dele. Logo que vi isso corri pra dentro de casa e chamei o casal amigos nossos que estavam hospedados em casa pra me ajudar. Nos então conseguimos tirar o Landon de lá e logo em seguida o cachorro não parava de lambê-lo de alegria. Desde aquele dia se tornaram os melhores amigos. E também providenciamos para que esse acidente não acontecesse mais rs, rs. 🙂

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Renato Formigoni Silveira

Rexburg (Idaho), 16 de novembro de 2013.

HISTÓRIA DO RENATO FORMIGONE SILVEIRA
Nasci em São Paulo, Brasil no dia 26 de marco de 1984, terceiro filho de Márcio Leite Silveira e Tânia Cristina Formigone. Minhas memórias são somente memorias de tempos felizes que passei com minha família, e mesmo com mudanças e dificuldades que todos passamos nesta vida, posso dizer com maior certeza que fui abençoado abundantemente pelo Pai Celestial.
Minhas primeiras memorias são de quando meus pais moraram com meus avos paternos, Humberto de Andrade Silveira e Maria da Gloria Leite. Minhas memorias desse lar são de bons tempos brincando com meus irmãos Márcio Leite Silveira Filho (“Marcinho”, 17/12/1979), Fernando Formigone Silveira (28/03/1982), Rodrigo Formigone Silveira (08/09/1985), e Rafael Formigone Silveira (23/10/1989). Andávamos de bicicleta no quintal, subíamos na arvore de ameixas, e pulávamos o muro para brincar no terreno baldio que veio a ser uma casa. Marcinho e Fernando sempre contavam historias sobre o “gato preto do olho furado” que morava no dito terreno, mas nunca pude ver tal gato.
Não tínhamos amigo neste tempo porque não haviam crianças na vizinhança, mas nem precisávamos porque tínhamos uns aos outros, e apesar de brigas que todos irmãos tem, éramos felizes. Um passatempo favorito era pegar a mangueira e brincar com água na varanda da casa nos dias de calor, além de ir para a banca de jornais que se encontrava em frente ao estádio do Morumbi. Outras bonitas memórias que tenho deste tempo e de quando minha mãe levava eu e o Rodrigo para a escola Sonho e Fantasia enquanto ela ia para a Faculdade de Direito de Osasco. Na ida para a escola passávamos o tempo cantando canções e observando como as nuvens pareciam com animais.
Fui batizado na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em marco de 1992, e logo depois a casa foi vendida e nos mudamos para nosso apartamento no Taboão da Serra onde moramos até 1998 quando nos mudamos para os Estados Unidos. O tempo que passei no Taboão da Serra foi uma época de crescimento físico e

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espiritual, pois foi la que recebi o sacerdócio aarônico e servi como diácono e mestre, além de cargos na igreja como presidente do quorum dos diáconos e mestres. Durante essa época meus amigo na vizinhança começaram a fazer escolhas que mais tarde os levariam a maus caminhos, então comecei a aprender a fazer boas escolhas, fato que me levou a passar menos tempos com meus amigos, e mais tempo sozinho. Apesar disso, fiz muitas amizades e tenho somente memórias felizes.
Foi também durante essa época que passei a perceber as dificuldades familiares, pois se me lembro bem, em 1995, meu pai perdeu seu emprego e era obvio que a falta de dinheiro era uma fonte de preocupação e stresse para meus pais, que fizeram tudo que puderam pela nossa família. Me lembro que venderam sanduíches, meu pai fazia serviços como pintura, concertos, e etc., enquanto minha mãe trabalhava em dois empregos. Eventualmente meus pais abriram um escritório (comigo como secretario), e pude sentir que eles já não sentiam tanto stresse.
No dia 14 de outubro de 1998, eu, junto com minha mãe, o Fernando, Rodrigo, e Rafael completamos a mudança da nossa família para os estados unidos no estado de Utah. Meu pai e o Marcinho já haviam se mudado para começar as preparações para o resto da família. Me lembro bem que chegamos em casa por volta das 17:00, e depois do jantar com a família Chrispim, eu, Rodrigo, e o Rafael fomos dar uma volta pela vizinhança e ao passar por uma capela pensamos em entrar para dar uma olhada por dentro, mas desistimos deste plano ao pensar na possibilidade que alguém poderia nos fazer perguntas que não poderíamos responder por causa da falta de inglês. Seguimos andando na rua ate que chegamos ao semáforo, o qual tinha o botão necessário para poder cruzar a rua, o qual também decidimos não usar por medo de não saber o que fazer, então decidimos voltar para casa.
Me lembro da mudança para os Estados Unidos como um tempo emocionante com grandes mudanças e ajustamentos, entre eles aprender o inglês, e também como um tempo em que aprendi o valor do trabalho duro e honesto por conta da empresa de limpeza que meus pais compraram, qual valor quero que meus filho(a)s desfrutem. Fiz muitos amigos na escola, entre eles amigos de outros países da América Latina, o qual me ajudou a aprender o idioma espanhol, e me ajudou quando servi uma missão de tempo integral na missão Califórnia Carlsbad em espanhol entre 2004 e 2006. Sou extremamente grato ao Pai Celestial pelas experiências que tive como missionário e por poder ter tocado aquelas pessoas que Ele preparou para ouvir o evangelho.
Começando em 2006, logo depois da minha missão, comecei os estudo superiores no LDS Business College em Salt Lake City, Utah. Estudei na área de medica como assistente medico (Medical Assistant). Foi durante meus estudos que decidi focalizar meus futuros estudo ainda na área medica como um enfermeiro, e após a formatura do LDS Business College em 2009, passei o seguinte ano trabalhando exclusivamente como assistente medico em clinicas para me preparar para a escola de enfermagem, e durante esse ano de trabalho exclusivo, reaprendi, entre outras coisas, que Pai Celestial me ama e que ele tem um plano para mim que me fará feliz quando ouço aos sussurros do Espírito Santo.
Em abril de 2010 comecei meus estudos na Brigham Young University-Idaho em preparação para o programa de enfermagem, o qual me levaria 2 anos para completar os pré-requisitos da universidade. Iniciei o programa em abril de 2012 com a meta de terminar em dezembro de 2014.
Outra ocasião importante que não devo deixar de mencionar , e que em 2011, enquanto trabalhava na clinica do campus, conheci a Angela Rae Watson que havia se mudado da cidade de Jackson no estado de Wyoming para estudar administração de saúde. Começamos a namorar a meios de 2012 e tive a oportunidade de conhecer os filhos dela, Kelly John Watson (05/11/2002) Shelby James Watson (05/02/2008). No dia 31 de outubro de 2012 a pedi em casamento, o qual realizamos no dia 13 de Abril de 2013 no templo de Rexburg Idaho e tive a bênção de ser selados aos meninos.
Angie cresceu em um rancho, então sempre quis ser uma cowgirl, e depois de se formar no segundo grau, descobriu que não seria algo muito difícil para uma mulher desta geração poder realizar, então saiu para descobrir o mundo mas quis ficar muito longe de casa, e foi abençoada com dois filhos e um certo conhecimento do evangelho. Descobriu seu talento na área medica e decidiu ir para universidade para desenvolver estes talentos. Não só foi abençoada com essa decisão, mas também foi abençoada por encontrar seu amor eterno.
Kelly sempre teve muito interesse em eletrônicos e é um menino muito inteligente e criativo, e esta se preparando

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para receber o sacerdócio Aarônico, e parte da sua preparação e que ele sempre foi um menino muito prestativo que sempre se preocupa com o bem-estar dos outros.
Shelby adora animais e gosta de se vestir como cowboy, e seu hobby favorito é “brincar” com as vacas que ficam no pasto atrás da nossa casa. Shelby é um menino muito inteligente que está crescendo e aprendendo muitas coisas novas. Nós esperamos ser abençoados com mais filhos ou filhas no futuro.
Como estudantes universitários, existem muitas oportunidades para o futuro da minha família na área medica. Gostamos muito da área de Rexburg pois é uma área rural onde desfrutamos tranquilidade. Angie trabalha integralmente na clinica da universidade como Assistente de Operacao Auxiliar, posição que é cobiçada entre estudantes da área dela, e quando eu tenha terminado meu curso, planejo usar o que aprendi em um dos hospitais locais. Sempre oramos para que o Pai Celestial nos guie (e que possamos ouvir os sussurros Dele) na direção que Ele sabe que nos devemos ir para que nossa família seja feliz.

HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Marcio Leite Silveira

ACAMPAMENTO DE INVERNO.
O ano que estamos deve ser, creio…. 1998 ou 1999. Não consigo lembrar de datas ou relacionar eventos específicos a datas em que ocorreram. Estamos morando em Orem, Utah e estamos no nosso primeiro ano com neve e frio de verdade. Os meninos estão animados com a ideia de fazermos nosso primeiro acampamento de inverno e estamos consultando alguns membros de nossa Ala para conseguirmos detalhes e equipamentos para esta aventura.
Depois de todos os preparativos, da coleta de roupas apropriadas e da escolha de um local seguro para “ novatos “ fomos para o Canyon de Provo que começa imediatamente atrás do Templo de Provo e segue para as montanhas.
Com a permissão de fazermos fogueira – não existe risco de incêndio florestal no inverno onde tudo esta coberto de neve – não me lembro se levamos lenha, não sei, porque seria difícil no inverno encontramos madeira em condições se ser queimada, mas o que sei mesmo foi que fizemos fogo, depois de armarmos nossa barraca em um lugar mais ou menos plano. Eu e os meninos estávamos bem animados e tudo era realmente novidade e aquela situação nova estava sendo espetacular. Descobrimos, por exemplo, que levar latas de refrigerante nas mochilas não era uma boa ideia porque todas as latinhas se congelaram e explodiram com a dilatação dos líquidos. Como estávamos literalmente na temperatura de um freezer, não houve problemas das latas se congelarem e arrebentarem porque os refrigerantes não derretiam e não molhavam as roupas ou as coisas em volta, somente ficamos em ter o que beber.
Depois de comermos nosso alimento repleto de sanduiches e outras coisas felizmente não congeláveis nos preparamos para dormir nos sleeping bags ou sacos de dormir, colocamos todo o estoque de lenha que restava na fogueira e entramos na nossa barraca. Descobrimos com grata surpresa, que as roupas, colchonetes, calcas e casacos de neve, botas e luvas ( tudo emprestado do líder de escotismo da Ala ) realmente funcionam porque apesar de estarmos a incríveis -20 C de temperatura, dormimos muito bem.

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Ao amanhecer, durante nosso lanche matinal, descobrimos que estávamos ao lado da trilha principal que leva ao topo do Canyon porque como era um sábado de inverno, muita gente estava iniciando o passeio no Canyon e assim como eu e os meninos, aproveitávamos a bela paisagem e buscávamos novas descobertas.
Passamos a manha andando pelas trilhas congeladas e cobertas de neve. Com uma sequência de tombos e escorregões na neve, seguidos de risadas e ótimos momentos, encontramos uma pequena ponte que cruzava um riacho que estava congelado. Pela primeira vez andamos por um riacho totalmente gelado, o que somente havíamos visto nos filmes de TV e agora, estávamos vivendo em um pais onde esta situação encontraríamos todos os anos.
Fizemos uma tentativa de quebrar o gelo do riacho, o que parecia fácil da primeira vez mas mostrou-se impossível. Fizemos varias tentativas, jogando do alto da ponte varias pedras do alto da pequena ponte, as maiores que conseguíamos levantar mas nada era suficientemente pesado para tirar mais do que somente minúsculas lascas de gelo daquele riacho.
Depois de nosso almoço também sem nada de líquidos, preparamos nosso regresso a nossa casa, desmontando nossa barraca e limpando nosso “ acampamento “ de inverno. Voltamos caminhando com nossa mochilas e aparatos para nosso carro , levando um montão de ótimas memórias, experiências e descobertas que, eu e os meninos, aprendemos e vivemos no nosso novo pais com riachos congelados.

PESCARIA INESQUECIVEL.

Estávamos no verão de 2013 e depois de varias tentativas de um passeio diferente, eu e a Rosangela, juntamente com Sarah e Julia decidimos planejar uma pescaria no próximo final de semana, onde poderíamos enforcar a sexta feira e fazer de nossa pescaria um acampamento de sexta para sábado. Inicialmente, com a lista de preparativos e materiais necessários aumentando muito rápido, conseguimos convencer as meninas e nós mesmos de que o melhor seria mudar a data para 2 semanas na frente.
Barraca, colchonetes, o cardapio, licenca de pesca, material para pescar, e muito mais, aumentava nossa preocupacao de ter todo o material antes da data programada. Buscando entre os amigos mais bem equipados, conseguimos com o Farley Lee Lestari todo o material de pescaria, com o David Lundgreen conseguimos todo o material de acampamento, com a Anabel e o Jose conseguimos uma van equipada com acessorio para rebocar um trailer, mas nao buscamos nenhum trailer porque recebemos a oferta do Pedro Hernandes de levarmos seu barco de 18” para nossa pescaria.
Esta oferta – que aceitamos com alguma relutancia – animou muito as meninas e, depois de algum tempo, a nós tambem. Fazer uma pescaria usando um belo barco transformaria nosso plano de um passeio familiar em um passeio inesquecivel Juntamos todo nosso material e o equipamento para fazermos uma churrascada de peixes, contando confiantemente no sucesso da pesca. Tendo em vista que mesmo com todas as maiores das intençoes, com os melhores equipamentos, até os melhores pescadores como nossa familia…….. podem ter um dia de maré baixa, levamos alguma carne de reserva, somente como “ Plano B “ juntamente com o cardapio especialmente planejado pela Rosangela. Como estavamos com espaço bastante para nossa bagagem, levamos nossa churrasqueira a gas.
Tudo conferido, o barco checado incluindo novos coletes salva-vidas para todos, varas de pesca, estoque duplo de minhocas e iscas artificiais, uma barraca e nossos conjuntos de sacos de dormir, lanternas e o super importante protetor solar para nossas meninas nao virarem torresmo com o dia no barco. Escolhemos um local chamado Scolfield Utah State Park que fica mais ou menos 1 hora sul de Provo e tem toda a acomodacao para acamparmos. Fizemos nossa reserva e preparamos tudo para sairmos na sexta de manha.
Exatamente na hora marcada – mais ou menos – iniciamos a viagem e com toda a animação dirigimos pela rodovia I – 15 no sentido sul, para nosso acampamento, chegando ao local sem problemas e logo iniciamos a montagem da barraca e a montagem dos equipamentos rapidamente para colocarmos o barco no lago o mais rapidamente possível. Como a pressa sempre traz consequências inesperadas, eu, imaginando que o dia ensolarado como estava, não teria problemas se eu não colocasse todos os pinos de metal cravados no chão para

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amarrar nossa barraca, somente alguns nas pontas seria necessário, estávamos perdendo tempo de pesca e de andar com nosso barco. No final do dia quando retornamos, verificamos que o vento gostoso que sentíamos no barco durante grande parte do dia, foi um vento forte o suficiente para arrancar os pinos do chão de um lado da barraca que dobrou-se ao meio e 2 varas de sustentação no teto se quebraram…….. Com algum jeitinho conseguimos improvisar uma delas e colocar nossa barraca em condições.
Este improviso e a colocação de todos os cravos no chão foram colocados a prova durante a noite quando um vento extremamente forte balançou muito mesmo nossa barraca que talvez não foi arrancada do lugar porque estávamos dentro e também porque havíamos amarrado alguns cabos nas arvores em volta, sem saber que seria possivelmente nossa salvação. Devido a falta de luz do lado de fora do acampamento, estava totalmente impossível ver nosso barco, preocupados com a possibilidade do vento soltar nossa ancora e levar o barco para longe. Durante a noite o vento passou e eu pude sair da barraca e com a lanterna ver que o barco soltou uma das ancoras mas a segunda agüentou firme.
Na manha seguinte, depois de nosso especial lanche da manha, corremos novamente para o barco. Nas primeiras 2 horas tentamos varios pontos do lago e varias iscas diferentes mas, não conseguimos nada, Os peixes beliscavam mas não fisgamos nenhum, até que observamos que um barco como o nosso, com 3 velhinhos dentro, um pilotando com uma mão no barco e os outros 2 com uma vara de cada lado do barco passaram ao nosso lado bem devagar e, para nosso espanto pegaram um big peixão, daqueles dignos de foto com moldura. Ficamos espantados mas concluímos que o local em que estávamos ancorados era bom. Mal os velhinhos se afastaram de nós naquela velocidade baixa, o outro que estava no lado oposto, também pegou outro peixe grande e, para nosso maior espanto, ele colocou este junto com o primeiro dentro de uma grande cesta de metal que estava dentro da água, amarrada ao barco e com vários peixes daquele tamanho.
Com a maior cara de pau recolhemos nossa ancora e fomos atrás dos velhinhos e perguntamos como pescavam tanto e tão rápido. Um dele disse com toda a cortesia que peixes grandes sempre estão nadando rápido e isca parada não os atrai. Ele levantou sua vara e nos mostrou a isca artificial que estava usando, que deveríamos usar este mesmo tipo de isca e manter o barco em movimento. Agradecemos as dicas e mudamos o nosso rumo para não ficarmos muito perto deles. Trocamos a isca, aposentando as minhocas que não estavam mesmo funcionando e colocamos nossas iscas artificiais. Armados de toda a confiança do mundo colocamos o barco em velocidade reduzida e, para nosso espanto, a Rosangela teve um puxão forte em sua vara que, seguido de nossos gritos de “ puxa “, “ solta a linha “ , “ abaixa a vara “ e um montão de instruções minhas, da Sarah e da Julia, ficamos somente no susto. Aquele primeiro peixão era um bom sinal de que a técnica estava certa. Alguns vários puxões depois, a Rosangela, novamente, pegou um bitelão que realmente estava fisgado. Ela tentou puxá-lo e enrolar a linha e eu estava com nossa rede tipo funil, a postos para recolher nosso almoço que lutava bravamente, passando por baixo do barco de um lado para outro. Pouco a pouco ele foi cansando e pudemos vê-lo de perto e, por 3 vezes tentei levá-lo com a rede mas ele se debatia e voltava para a água. Para nosso desapontamento, o mais difícil aconteceu: a base de nossa isca artificial era de plástico, no formato de um peixinho brilhante com 3 anzóis ao lado. A isca quebrou no meio e nosso almoço escapou.
Mesmo desapontados ficamos com os comentários sobre a técnica da Rosangela que foi a campeã da família em fisgar mais peixes do que nós todos. Voltamos para nosso acampamento e começamos a preparar nosso almoço “plano B” que, sabiamente, tínhamos levado. Um ótimo arroz. Salada de tomates e verduras, batatas e a carne, preparada na churrasqueira, estava excelente. Nos divertimos bastante no final da tarde e iniciamos a desmontagem do acampamento e a limpeza de nossa área. Estávamos todos contentes e sempre lembrando de sermos gratos a tantos amigos que com generosidade e exemplos de desprendimento, nos haviam emprestado tudo que estávamos utilizando. Para nossa surpresa, a família que estava acampando ao nosso lado nos ofereceu 4 peixes – ja limpos e embalados em sacos plasticos – para levarmos. Não entendi porque mas as meninas ficaram contentes e, agradecendo bastante, aceitamos com satisfação. Afinal poderíamos ter nossa peixada tão esperada. Colocamos os peixes na caixa de gelo e retornamos à estrada rumo à nossa casa.
Resultado de nossa pescaria:
(a) peixes pescados – 0. (b) peixes ganhados – 4 (c) dias de acampamento juntos em familia – 2 (d) momentos de alegria e abraços – inúmeros que perdi a conta…. Possivelmente o que mais guardaremos em nossa historia familiar será o sentimento de gratidão ao Pai Celeste pela natureza que Ele criou, pela oportunidade de um passeio tão agradável e com segurança e pela gratidão por termos bons amigos e irmãos no evangelho verdadeiro que nos
relembraram que a generosidade e desapego a coisas materiais são atributos divinos.
No próximo verão, estaremos preparando outro acampamento com pescaria, aproveitando a dica dos experimentados pescadores e a técnica da Rosangela, somente comprando anzóis mais fortes.

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HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Marcio Leite Silveira Filho

O meu plano para os Estados Unidos era simples : eu ia servir a minha missão, ir para a faculdade (de preferência a BYU) e depois, quem sabe?
Nem tudo foi de acordo com o plano: Por razões já esquecidas, não fui aceito para a BYU. Quando eu fui discutir essa situação com o diretor do programa de estudantes internacionais, ele sugeriu que em vez de esperar até o ano seguinte para aplicar de novo, que eu poderia aplicar agora para o outro colégio da igreja, chamado LDS Business College. Esse colégio e localizado em Salt Lake City, e muito menor do que a BYU e geralmente aceita estudantes mais facilmente. Achei a ideia interessante, e acabei seguindo a sugestão. Pouco sabia que essa decisão iria mudar a minha vida.
O cursos nesse colégio são mais curtos do que o de outros colégios, durando somente dois anos. Sendo um colégio da igreja, todo estudante e requerido a tomar uma classe do instituto por semestre. Essas classes são como outras classes, com lista de chamadas, provas, etc. A primeira classe que eu atendi foi Livro de Mórmon 1, e a segunda foi Doutrina e Convênios.
A terceira classe foi Livro de Mórmon 2. No segundo dia de classes, eu estava atrasado por causa de responsabilidades que eu tinha com o colegio. Quando entrei na sala, vi que a cadeira que eu tinha pego no dia anterior estava ocupada, então sentei em um dos dois únicos lugares que estavam sobrando, um do lado do outro. Logo depois de eu ter sentado, entrou na classe a visão mais maravilhosa que já vi, e ela sentou logo do meu lado! Ela, porem não prestou atenção nenhuma pra mim. Eu não tinha o hábito de carregar uma caneta comigo, então toda aula, quando o professor passava a lista de presença, eu tinha que pedir a Ginger para me emprestar a caneta para assinar a minha presença. Assim passou-se quase o semestre inteiro, a unica conversa entre nos sendo eu pedindo para emprestar a caneta. Um dia, dei uma espiada na lista e descobri o nome dela: Ginger.
Ao fim do semestre, o colégio estava fazendo um jantar em honra do Presidente Eyring, e o presidente da escola pediu para a Ginger liderar um grupo para providenciar musica para o jantar, o grupo sendo composto de quatro violinos e um piano. Ela convidou algumas colegas com quem ela trabalhava, incluindo o Fernando. Uma das

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colegas teve um problema com o violino, e o Fernando disse que, por coincidência, o irmão dele tinha um violino e que provavelmente não se importaria de emprestar o violino. A Ginger não sabia que ja estava sentando do lado do “irmão” o semestre inteiro, e o Fernando não sabia que eu sabia que eles trabalhavam no mesmo departamento no colegio. Quando, naquala noite, o Fernando me explicou a historia e perguntou sobre o violino, concordei em emprestar, com a condição de que a Ginger usasse o meu violino, já que já sabia quem ela era.
No dia seguinte, durante o começo da aula, eu comentei com a Ginger que eu sabia que ela tocava o violino. Ela ficou muito surpresa, e perguntou como eu sabia. Eu expliquei que o Fernando era o meu irmão e que o violino era, de fato, meu. Ela sorriu com a coincidência desse fato, e começamos a conversar. Esse foi, então, o principio da nossa amizade. Passamos muito tempo conversando, o professor ficou bravo porque estávamos falando no meio da aula mas isso não parou a conversa. Fora da sala, comecei a fazer visitas no trabalho dela (ela trabalhava para a faculdade, e eu era amigo com a chefe dela), e no último dia de aula ela me convidou para ir com alguns amigos dela para passear no Temple Square, Ja era epoca de Natal e todas as arvores estavam iluminadas. Esse foi o nosso primeiro “encontro”, e muitos mais se seguiram. Ficamos noivos em Fevereiro do ano seguinte, e casados no dia 15 de Julho de 2004. Nunca um dia passa que não sou grato pela minha esposa, e os nossos tres filhos e uma filha:
O Caio James nasceu em 16 de Dezembro de 2005,
A Jordan Amada nasceu em 2 de Janeiro de 2008
O Spencer Amon nasceu em 15 de Fevereiro de 2011
O Asher Luca nasceu em 22 de Abril de 2013

HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
André Buono Silveira

O RESGATE DA FAMÍLIA BUONO EM TITO, POTENZA, ITÁLIA
(Transcrito através de relatos e registros de André Buono Silveira)
Com muito desejo de encontrar mais informações sobre os ancestrais da família Buono, depois de pedir muitas vezes ajuda ao Senhor, fui inspirado a pesquisar no site “imigrantesitalianos.com.br”. Lá existem milhares de páginas com informações sobre famílias italianas, e parecia que seria como a busca de uma agulha no palheiro.
Diante do que parecia um esforço intransponível, sem dúvida fui guiado pelo Espírito para clicar por uma sequencia de links e caminhos inexplicáveis, que finalmente me conduziram a uma pesquisa de famílias italianas em uma pequena cidade chamada Tito, na região da Basilicata, perto de Nápoles, no sul da Itália. Entrando nessa página do site, fui surpreendido com um conjunto de tabelas compiladas por uma pesquisadora norte-americana, com um volume enorme de pessoas da família Buono! E foi então que encontrei o nome do meu bisavô, Luiz Buono, seu pai Carlo e o pai dele, Giuseppe Buono, nascido em 1816. Foi um momento em que senti-me muito emocionado e com grande gratidão ao Senhor.
Algum tempo depois estivemos em 2009 no Museu da Imigração no Brás, e ao tirarmos os certificados de Desembarque de Carlo Buono, descobrimos que eles haviam chegado ao Brasil há exatos 100 anos antes, em 1909. Assim, tivemos o privilégio de realizar um encontro familiar, justamente no centenário da imigração da família Buono ao Brasil. Foi muito tocante visitar aquele lugar tão carregado de história, e com tantos artefatos e fotografias que podiam ilustrar o sacrifício daqueles imigrantes cheios de esperança, desembarcando na nossa terra.
Posteriormente, em 17 de janeiro de 2010, tivemos o privilégio de viajar até a Itália e conhecer a pequena cidade de Tito. Nos perdemos na chegada à noite, ao entrarmos sem saber em uma rua sem saída, que terminava em um grande portão metálico, com uma placa

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indicando algo como Carpenterie Raffaele Buono. Logo percebemos que não seria difícil encontrar os Buonos.
Conversando com o dono do hotelzinho, expliquei que nossa passagem pela cidade era motivada pela pesquisa da história da família. Ao saber que era descendente da família Buono, de Tito, ele confirmou que havia muitos Buonos lá. Então ele disse que tinha um amigo, que conhecia muitos Buonos, e que o apresentaria a mim.
Ao visitarmos o edifício da comune (prefeitura), encontramos um monumento em homenagem aos que tombaram nas guerras. Esse tipo de monumento é muito comum na Itália. Nele está escrito os nomes dos militares de Tito que morreram, e vários sobrenomes eram Buonos.
Na prefeitura, o Sr. Antonio conversou com um funcionário do Registro Civil. Esse funcionário nos permitiu entrar em ter acesso a todos os livros disponíveis. O pessoal da prefeitura então me presenteou com folhetos da cidade e um DVD da região. Por fim, me explicaram onde se localizava a Via Toppa, que era a rua onde meu bisavô Carlo havia morado. Lá, batemos em uma residência também de alguém da família. Fomos atendidos pela Sra. Tonia Criscio, que é casada com o Sr. Angelo Buono. Ela gentilmente me recebeu e apresentou o sogro, Sr. Antonio Buono. A família deles é composta por Angelo (marido), Tonia (esposa), Raffaele (filho) e Rosita (filha). Depois desses encontros, fomos até a empresa da família. Chama-se Buono Raffaele – Carpenteria Metallica, e produzem esquadrias metálicas. Foi um encontro muito festivo, com a comunicação garantida por uma mistura de italiano, espanhol, inglês e português!
Através dessa experiência conseguimos centenas de nomes de nossa família que pudemos enviar ao Templo. Isso fortaleceu o nosso testemunho da divindade dessa obra e sem dúvida nosso coração se voltou de forma inesquecível aos nossos pais.

HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Marcelo Leite Silveira

REDEDICAÇÃO DO TEMPLO DE SÃO PAULO EM 2004
Na primeira dedicação do Templo de São Paulo em 1978, eu e minha esposa Marisa fomos designados para servir como guias da visitação, e nos colocaram exatamente dentro da sala celestial para recepcionar os visitantes. Foi uma experiência inesquecível para nós, porque a Marisa estava grávida do nosso primeiro filho André, que alguns meses depois nasceu no convênio, quando então já estávamos selados para o tempo e para a eternidade.
Nunca poderíamos imaginar que, 25 anos depois, nosso próprio filho André teria o privilégio de participar do projeto de reforma do Templo de São Paulo, já concluindo o seu curso de engenharia civil no Mackenzie. Um detalhe interessante é que seu trabalho de conclusão do curso foi justamente uma monografia sobre o padrão de construção dos templos mórmons, destacando a extraordinária qualidade arquitetônica e estrutural dos templos da Igreja. Seu trabalho recebeu a menção honrosa de “notável originalidade” e foi agraciado com a nota máxima pela banca examinadora.
Quando o Templo de São Paulo foi rededicado em 2004, tive o privilégio de cantar na primeira sessão dedicatória, que foi realizada na sala celestial. Foi uma experiência extraordinária, porque o número de coralistas era limitado, por conta do espaço disponível do recinto. Eu nunca poderia imaginar que teria essa oportunidade, com tantos cantores mais qualificados do que eu para isso.
Depois de ensaios cansativos e de um sacrifício considerável, estávamos finalmente prontos. Quando o coral entrou na sala celestial e se colocou atrás das cadeiras onde estavam as autoridades gerais, percebi que eu estava posicionado exatamente atrás do pres. Gordon B. Hinckley, a um braço de distância dele! Naturalmente, seu sorriso amável para nós tornou possível nos sentirmos calmos e em paz para aquela enorme responsabilidade.
Quando começamos a cantar o hino de Hosanas, por pouco não desmontei. Devido a um “defeito de fabricação”, tenho um problema de “vazamento” nos olhos que frequentemente me leva às lágrimas em ocasiões como essa. Parecia que eu não conseguiria

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manter o controle emocional, diante do ungido do Senhor. Foi então que o Espírito me levou a lembrar-me das muitas e muitas vezes que cantamos em família. Foi então que perdi o sentimento de estar sozinho, e me senti como se estivesse, mais uma vez, cantando junto com todos vocês. Essa proximidade espiritual com nossas famílias me deu a força necessária para não vacilar uma única nota. Gostaria que soubessem que, de alguma forma, as nossas famílias estiveram juntas naquele momento, e todos cantamos naquele dia na Casa do Senhor.

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